O Blog:

Não importa se fútil ou cult, aqui tem o que agrada, desperta curiosidade, riso e coisas assim. Sem rótulo e sem pudor, seja fult com a gente!

quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

Trovoada

Eu estou arrepiado o dia todo. Nesse 29 de dezembro Cássia Eller é lembrada pelos dez anos de sua morte. Eu ainda tenho uma lembrança bem clara de estar em casa com a TV ligada quando Fátima Bernardes anunciou sua morte no Jornal Nacional. Sem exageros e nem sentimentos vazios, eu senti a morte de Cássia como se fosse alguém do meu convívio íntimo. 
Eu não sou tão velho, mas lá pelos meus 11 anos, a Internet ainda não era popular como é hoje em dia, daí que uma série de coisas muito fáceis de se conseguir nos tempos de hoje, era uma luta para se ter. Isso explica o fato de eu ter uma pasta com letras de músicas, fotos e recortes sobre Cássia Eller. Brega, eu sei, mas eu sempre fui fã dela. 

Cresci idolatrando Legião e Nirvana, mas por motivos óbvios nunca pude ver um show de nenhuma dessas bandas. Minha história com Cássia é diferente porque além de tê-la como ídolo, eu pude viver em tempo real toda a febre que um fã tem direito. Isso vai de esperar ansiosamente por um novo disco até brigar com os pais para ir ao show.

A força e a luz dos olhos de Cássia Eller sempre me atingiram de forma muito comovente. Foi com Cássia que eu aprendi a reparar em sorrisos, a gostar tanto de sorrisos e ler alguém por inteiro através de um sorriso. Não há outro sorriso como o de Cássia. Tampouco voz e energia como a dela. Invocada, atrevida, tímida, explosiva, contida, inquieta, calma. Eu amo Cássia Eller. Salve!

PS: Cássia Eller é mais que o Acústico MTV. Bem mais que Malandragem e sua irreverência não se resume em levantar a camiseta e mostrar os peitos. 




quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

Cine 2011

Três filmes que marcaram 2011 cinematograficamente:

Tudo pelo poder



Com direção, roteiro e atuação de George Clooney, Tudo pelo poder já entraria pra história do cinema somente por esse fato. Mas, o drama vai além das expectativas, poderia até cair na mesmice pelo tema ou até mesmo hipocrisia, contudo prende o espectador do início ao fim. Excelente roteiro, com boas atuações, com a duração correta, ápice e desfecho com maestria. As suaves comparações com os governos americanos dá todo um ar humano e errante a narração. Ryan Gosling merece destaque. E ponto positivo para a capa principal do filme que ficou fantástica.

Amores Imaginários



Direção, roteiro e atuaçãode Xavier Dolan (o mesmo de Eu matei a minha mãe). Nesse filme Dolan acerta na direção, nas cores, nos enquadros de cena, na trilha sonora, no figurino, mas o roteiro em si é extramente pobre. A trama só prossegue pela direação, o enredo é parco, aguado, decepcionante até. A beleza de Niels Schneider dá todo um toque romântico as cenas, o alaranjado na camisa, o cabelo dourado. Enfim, poderia ter sido um ótimo filme, mas deixou a desejar.

A pele que habito



Grandes expectativas dos fãs de Almodóvar, talvez repreensivos por ser um filme que tem uma atmosfera de mistério, suspense. Um grande e inovador filme. Surpreendente como somente Almodóvar sabe ser. Roteiro inusitado, atuações primorosas, desfechos que beiram a loucura, a adoração e a paixão. Encantador de uma forma totalmente humana, pecadora e errante. No desenrolar da história se criam mentalmente várias respostas e todas elas se mostram falhas próxima ao fim. É um filme pra se digerir durante uns dias.

Maria Gadú em Mais Uma Página

Passado o furor do seu primeiro trabalho e toda aquela perigosa superexposição, além da parceria com Caetano Veloso, Maria Gadú chega com seu segundo CD para confirmar a promessa de ser um novo grande nome na MPB ou decepcionar, como todos outros nomes sazonais. 

Confesso que temi alguma descaracterização da artista devido sua parceria com a Som Livre/Rede Globo, mas é com felicidade que ouço o CD e constato que é ainda aquela Maria Gadú talentosa surgida há pouco tempo. Em 14 faixas, incluindo regravações/composições em inglês e espanhol, Gadú está de volta para comprovar seu talento como compositora e intérprete. 

O álbum não é óbvio como seu título e apresenta boas surpresas, caminha por diferentes ritmos e nuances. Destaque "Axé A Capella" que tem uma sonoridade muito gostosa, com Gadú explorando sua extensão vocal e outros ritmos. Destaque também para "Quem?", faixa que conta com a participação de Lenine.

Preciso ouvir mais vezes para digerir bem a coisa e poder opinar detalhadamente, mas o que posso afirmar com certeza é que é um bom e autêntico CD de uma grande nome da música nacional. Eu que sou amante de música nacional, achei o álbum exageradamente poliglota, mas talvez isso seja estratégia para uma carreira internacional. No fim das contas, isso não afeta a qualidade do álbum e vale a pena!

Mais Uma Página (2011)
01. No Pé Do Vento
02- Anjo de Guarda Noturno
03- Taregué
04- Estranho Natural
05- Like a Rose
06- Oração ao Tempo
07- Quem? ( part. esp.: Lenine)
08- Axé Acappella
09- Reis
10- Linha Tênue
11- Extranjero
12- A Valsa (Part. Esp.: Marco Rodrigues)
13- Long Long time
14- Amor de Índio

terça-feira, 27 de dezembro de 2011

Vôos de Kavita

Tenho ficado muito feliz com as recentes aparições de Mariana Aydar na mídia. Seu mais recente álbum, Cavaleiro Selvagem Aqui Te Sigo, me parece o mais amplamente divulgado até agora. Foram inúmeras as aparições em programas de TV, entrevistas e apresentações nesses últimos meses. A mais recente delas foi nos estúdios da revista Rolling Stone Brasil, com direito a entrevista e apresentação ao vivo. Aí está um vídeo da ótima Os Passionais, uma das faixas do seu mais recente álbum.


sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

Ana Carolina e Problemas

Recentemente uma música de Ana Carolina entrou para a trilha sonora da novela (chata pra carai, por sinal) Fina Estampa. Como tem se tornado hábito da Ana, a música é bem fácil e se repete, mas em comparação aos últimos trabalhos lançados pela artista, a música não é ruim. É romântica e brega, imagino o Leonardo cantando algo assim. Pelo que me parece, Ana Carolina perdeu o gosto pelo som mais elaborado e arranjos complexos, como vimos no excelente álbum Estampado. Então, aí está, Problemas:


sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

Madame Zero

Pensando um pouco nas bandas que já assisti ao vivo, certamente é Madame Zero a que mais vezes eu vi ao vivo. E sem enjoar, o carisma de Camilla Nobre, vocalista da banda, é contagiante e irresistível. Recentemente a  banda lançou o seu segundo clipe, Por Muito Tempo, vale a pena conferir esse pop rock de qualidade tão escasso atualmente.



quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

Recanto da Gal

Não é de hoje que eu espero por esse CD. Por muito tempo eu andei de nariz torcido pra Gal Costa, ela parecia indiferente a  ela mesma, enquanto artista, enquanto cantora. Deu umas entrevistas desgostosas e eu via Gal mais como uma personagem morta há anos, muito diferente de seus contemporâneos, como Maria Bethânia, Caetano Veloso e Ney Matogrosso. Mas chegou um dia, e já faz tempo, que vi Caetano falando que comporia e produziria um novo álbum de Gal. Apesar de emburradinho, claro que eu fiquei empolgado com a notícia e a ansiedade foi inevitável. Recanto enfim saiu e pelo que pude constar até agora, é puro deleite. Gal Costa ressuscitou da sua obsolescência. Clique AQUI para ouvir 5 faixas desse novo disco da cantora, com a visão moderna e antenada de Caetano.

Das 11 canções que compõem o álbum, nove são inéditas e duas ("Madre Deus" e "Mansidão") são regravações, todas de autoria de Caetano Veloso. O álbum é produzido por ele, Moreno Veloso e Kassin.

Recanto (2011)
1 - "Recanto Escuro"
2 - "Cara do Mundo"
3 - "Autotune Auterótico"
4 - "Tudo Dói"
5 - "Neguinho"
6 - "O Menino"
7 - "Madre Deus"
8 - "Mansidão"
9 - "Sexo e Dinheiro"
10 - "Miame Maculele"
11 - "Segunda"

quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Alessandra Leão

Pucos grupos brasileiros renderam quanto o Comadre Fulozinha. Para quem não liga uma nome ao outro, Comadre é o grupo de Karina Buhr e mais um monte de outras moças talentosíssimas que resolveram caminhar sozinhas depois de um tempo de estrada juntas. Uma delas é Alessandra Leão, de quem eu já deveria ter falado há muito tempo por aqui.

Alessandra Leão é percussionista, compositora e cantora. Iniciou sua carreira em 1997 com o grupo Comadre Fulozinha e atuou ao lado de músicos como Antônio Carlos Nóbrega, Siba, Silvério Pessoa, Zé Neguinho do Coco, Kimi Djabaté (Guiné Bissau), Florencia Bernales (Argentina), entre outros. Compôs em parceria com: Caçapa, Juliano Holanda, Chico César e Kiko Dinucci.

Em 2006, Alessandra deu início ao seu trabalho autoral, com o elogiado Brinquedo de Tambor, produzido e arranjado em parceria com o violeiro, compositor e arranjador Caçapa.

O projeto para o segundo CD solo, “Dois Cordões”, foi selecionado no Programa Petrobras Cultural e patrocinado pela Petrobras por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura. Produzido e arranjado por Caçapa e lançado em 2009, “Dois Cordões” conta com as participações de: Jorge Du Peixe (Nação Zumbi), Kiko Dinucci, Florencia Bernales (Argentina) e Victoria Sur (Colômbia).
Em seus dois CD's, Alessandra passeia por seu universo próprio de composições e também por importantíssimos compositores, como Biu Roque, que já foi gravado por grandes nomes da música brasileira, como Zeca Pagodinho e Roberta Sá, que fez o seu “Quando O Canto É Reza” somente com composições de Biu.

O seu som nos remete a também ótima Renata Rosa, que já comentei por aqui outras vezes. É folk brasileiro da melhor qualidade, com as inegáveis influências do outro lado do Atlântico. Alessandra se afasta da onda moderninha que mescla samba e MPB, fórmula muito utilizada pelas cantoras da atualidade. Seu canto é áspero e rico em influências tipicamente brasileiras e ancestralidade, dando um tom autêntico e encantador aos seus trabalhos.Imperdível!

Brinquedo de Tambor (2006) | Dois Cordões (2009) | MySpace |







Clarice Falcão tem se destacado por esses dias na Internet com sua música descompromissada e bem humorada. A menina tem berço dos bons, é filha do grande João Falcão e da não menos talentosa Adriana Falcão. Sua carreira é promissora; estudante de cinema da PUC, já atuou em diversos curtas e ganhou o concurso mundial organizado pelo Google. Para quem ainda não viu, vale a pena. O som da menina nos remete a Mallu Magalhães de alguma forma mais caricata e por isso muito mais viciante. Clarice Falcão é totalmente Fult!

segunda-feira, 21 de novembro de 2011

O hit do verão!

Depois de sua jornada como garçonetchen nos EUA, Gretchen está novamente entre nós e com a carreira bombando. Depois de agitadas apresentações nas noites paulistas e cariocas, a cantora e ícone pop brasileiro acaba de nos presentear com aquela que promete ser o hit do verão, I'm a Cool. Sem mais.




quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Atividade Paranormal em Aracaju

Poucos ou quase nenhum filme de terror conseguem me prender a atenção e assustar, principalmente os mais novos. E nessa nova leva do cinema "de terror", se tem um que eu realmente não gosto e não entendo o sucesso que faz é a franquia Atividade Paranormal. Quem acompanha o blog deve ter lido minha impressão após ter perdido meu tempo com aquele primeiro filme. Agora há pouco, meio que sem querer eu achei um curta amador nos moldes do filme e que é melhor que os originais, a começar por não nos fazer perder quase duas horas. Esse curtas amador ganhou um concurso organizado pela PlayArte, que é a distribuidora do filme no Brasil. Então, aí vai!



terça-feira, 8 de novembro de 2011

Melancolia




Minha maior decepcção cinematográfica do ano e quiçá da carreira do perturbador diretor Lars von Trier. Melancolia se divide em dois blocos onde tem a visão de cada uma das irmãs sobre a presença do planeta Melancolia que ameaça se chocar com o nosso. Plásticamente têm cenas bem amplas, agradáveis visualmente. Alguns diálogos são instigantes, o filme no todo sempre parece que vai "pegar no tranco", ir pro ápice, mas é totalmente morno, sem função, falta o nó na garganta que é marca do Lars. Quem já assistiu Dançando no escuro, Ondas do destino ou Idiotas, vai ficar aguardando a mesma sensação de ser pisoteado por toda a humanidade no final da trama, mas na verdade esse filme nem melancolia conseguiu me transmitir. Totalmente decepcionante, parco, aguado, sem função, sem gosto.

sábado, 5 de novembro de 2011

Dia do cinema nacional

Nem eu sabia que hoje era esse dia, mas é, então vamos aproveitar pra falar da nossa produção cinematográfica, que infeliz ou felizmente não se resume ao clássico trash Cinderela Baiana, estrelado por Carla Perez (meu sonho é ver esse filme na Sessão da Tarde).




Deixando de lado as bobeiras, vou falar de um filme nacional que foi lançado recentemente e que só mesmo o Brasil poderia produzir, Jardim das Folhas Sagradas

Jardim das Folhas Sagradas conta a história de Bonfim, negro baiano que tem sua vida virada pelo avesso com a revelação de que precisa abrir um terreiro de candomblé. Com os espaços disponíveis cada vez mais raros, ele acaba procurando um lugar na periferia empobrecida e degradada. Afastado da tradição e questionando fundamentos como o sacrifício de animais, Bonfim cria um terreiro modernizado e descaracterizado, o que lhe trará graves conseqüências. 

Numa época em que o crescimento urbano acelerado e a favelização transformam as cidades em espaços cada vez menos habitáveis, o Candomblé, religião ancestral trazida pelos escravos africanos, tem uma grande lição de convívio e preservação da natureza a oferecer. A Bonfim e a toda cidade de Salvador. Segue o trailler e alguns links:




Site Oficial | Crítica do Filme 

sexta-feira, 4 de novembro de 2011

Inéditas da Amy

Ainda falta um mês para o lançamento do CD, mas duas das músicas inéditas de Amy Winehouse já foram divulgadas, seguem os vídeos:



Essa primeira canção é Like Smoke, uma parceria com o rapper Nas, amigo de Amy, gravada em 2008 e concluída recentemente para o seu CD póstumo.



Essa segunda faixa é Our day will come, cover da banda Ruby and The Romantics. Ainda não sei de quando data essa gravação, mas deve ser da época de Frank, tomando como referência o timbre e o modo de cantar de Amy Winehouse à época.

terça-feira, 1 de novembro de 2011

The Devil Inside

O único sub-gênero de terror que consegue realmente me assustar é o que envolve demônios e fantasmas. Ainda assim, em alguns eu só tenho crise de riso por serem patéticos, e nada mais, como foi o caso de Atividade Paranormal, que muitos adoram e eu não entendo até hoje por quê. Mas finalmente esse gênero promete algo bom para o começo de 2012, que é o filme The Devil Inside, protagonizado pela brasileira Fernanda Andrade.

O longa mostra a história de uma mulher (Andrade) que foi convencida de que a mãe matou três pessoas após um surto de loucura. Quando descobre que os assassinatos eram parte de um ritual exorcista, ela decide ir em busca da verdade. O trailler está imperdível, finalmente um filme que promete assustar.


segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Álbum póstumo de Amy Winehouse

Desde Amy morreu, a única certeza que eu sempre tive foi que sua morte renderia muito dinheiro, assim como aconteceu recentemente com a Morte de Michael Jackson e acontece ainda hoje, no Brasil, com Renato Russo. Aliás, temo que um dia a "obra póstuma" de Renato Russo se torne maior que sua obra real, mas isso já é outro assunto... 

Amy Winehouse Lioness: Hidden Treasures” traz versões e músicas inéditas na voz de Amy e será lançado em dezembro próximo. Entre as canções do novo álbum, está “Between the Cheats”, uma canção emocional e inédita sobre seu ex-marido, Blake Fielder-Civil, e um cover de “A Song for You” – famosa na voz de Donny Hathaway – que Amy gravou enquanto tentava se livrar de seus vícios, em 2009. 

O álbum foi montado por Salaam Remi e Mark Ronson, produtores que trabalharam com Amy em seus dois álbuns, Frank e Back to Black. Eles ouviram milhares de horas de gravações da cantora e escolheram as canções que estão no álbum. Salaam disse: “Quando escutei as gravações, era possível ouvir algumas das conversas, e foi muito emocional. Eu acredito que ela deixou algo com o passar dos anos. Ela fez um trabalho que vai inspirar uma geração que ainda não nasceu”. A fonte das informações e citações é do tablóide The Sun. 

Vamos esperar; confesso ter grandes expectativas. E esse não deve ser o único álbum póstumo de Amy, a gravadora deve ter algum registro de umas 8 ou 9 músicas que Amy compôs durante sua estadia no Caribe, que foram recusadas por serem reggae, já que o contrato previa um álbum de soul/jazz. Segue a tracklist de Hidden Treasures: 

1- “Our Day Will Come (versão reggae)” – Cover
2- “Between the Cheats” – Canção inédita
3- “Tears Dry” – Versão balada original de “Tears Dry on Their Own”
4- Wake up Alone” – Demo de março de 2006
5- “Will You Still Love Me Tomorrow” – Cover da canção do Shirelles
6- “Valerie” – Versão lenta da canção gravada com Mark Ronson
7- “Like Smoke” com Nas - Canção inédita
8- “The Girl from Ipanema” – Cover da canção de bossa nova
9- “Halftime” - Canção inédita
10- “Best Friends” – Gravação de fevereiro de 2003
11- “Body and Soul” com Tony Bennett – Cover da canção de jazz
12- “A Song for You” – Cover da canção de Leon Russell gravada na primavera de 2009

segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Os hits dos anos 90

Recentemente, vemos falar muito dos anos 80 com as festas Ploc's e todo um saudosismo daquele tempo. Eu até curto essa onda oitentista, mas o que eu pude vivenciar mesmo foram os anos 90, já que nasci no fim da década de 80. Taí um ótimo vídeo que um grupo fez cantando algumas músicas que marcaram a década de 90 a capella, incluindo o mega-hit da brasileira Corona. Vale a pena!




Rythm of the Night - Corona (1993)

What is Love - Haddaway (1992)
All That She Wants - Ace of Base (1992)
Scatman (Ski-Ba-Bop-Ba-Dop-Bop) - Scatman John (1994)
Dub-I-Dub - Me & My (1995)
Dub-I-Dub - Axel Boys Quartet (1997)
I Like to Move It - Reel 2 real (1994)
Be My Lover - La Bouche (1995)
No limit - 2 Unlimited - (1992)
Sing Hallelujah - Dr. Alban (1993)

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Cavaleiro Selvagem Aqui Te Sigo

Continuando a falar sobre os nascimentos de Setembro, venho hoje pra falar sobre o terceiro álbum da Mariana Aydar. Sem me estender muito, digo que está impecável e é uma grata surpresa. Mariana nunca foi uma cantora de grande voz, mas compensa muito bem isso com suas interpretações criativas e a musicalidade que vem se refinando a cada álbum.

Em Cavaleiro Selvagem Aqui Te Sigo, a cantora assina 5 das 13 faixas e caminha por ritmos distintos e bem brasileiros, indo do forró à africanidade, sem deixar de passar pelas baladas, como acontece com Passionais, que é uma crônica interessante sobre o amor moderno.

Duas regravações do álbum que agradaram muito; a primeira delas é Não Foi Em Vão, da Thalma de Freitas. A letra é primorosa e de longe é minha preferida tanto no repertório da Thalma quanto da Orquestra Imperial, com a qual gravou sua canção pela primeira vez. Outra regravação imperdível no álbum é a de Vai Vadiar, de Monarco e Ratinho, mas que ganhou popularidade na voz de Zeca Pagodinho. Nunca tinha prestado muita atenção nessa letra, mas Aydar falando todas as palavras certinhas e bem encaixadas numa melodia de um tango-bolero-indie a música cresce e fica uma delícia, não dá vontade de parar de ouvi-la.

Caetano Veloso que tem sido bastante lembrado esse ano também foi lembrado por Mariana Aydar, e sua canção Nine Out Of Ten ganhou uma versão esplendorosa nesse terceiro álbum da cantora. Não só pelas letras, o álbum também se destaca pelo instrumental impecável comandado pelo maestro Letieres Leite, comandante da Orkestra Rumpilezz. Atenção especial a percussão de Gustavo Di Dalva, fazendo um batuque moderno e radiofônico, sem desprezar as raízes do outro lado do Atlântico. Cavaleiro Selvagem Aqui Te Sigo é um dos melhores álbuns do ano, imprescindível! Há um tom intrigante nesse álbum, Mariana acertou o alvo.

Cavaleiro Selvagem Aqui te Sigo (2011)

1. A saga do Cavaleiro (Mariana Aydar)
2. Solitude (Mariana Aydar - Luísa Maita - Jwala)
3. Não foi em vão (Thalma de Freitas)
4. Passionais (Dante Ozzetti - Luiz Tatit)
5. Vai vadiar (Monarco - Ratinho)
6. Nine out of ten (Caetano Veloso)
7. Floresta (Mariana Aydar - Guilherme Held - Tiganá Santana)
8. Galope razante (Zé Ramalho)
9. Porto (Romulo Fróes - Nuno Ramos)
10. Preciso do teu sorriso (João Silva)
11. O homem da perna de pau (Edson Duarte)
12. Cavaleiro selvagem (Mariana Aydar - Emicida)
13. Vinheta da alegria (Mariana Aydar)

sexta-feira, 14 de outubro de 2011

Setembrinos

 Acho que é uma conspiração do Universo fazer com que muitas coisas e pessoas nasçam em Setembro. Prova disso foram os lançamentos de três CD's muito esperados, pelo menos por mim. O primeiro deles foi o CD de estréia de Filipe Catto, intitulado de Fôlego. Teve ainda o lançamento do quarto álbum de estúdio de Maria Rita, o Elo. Mariana Aydar também lançou o seu terceiro álbum de estúdio, Cavaleiro Selvagem Aqui Te Sigo, um dos mais esperados por mim não só no mês passado, mas em todo ano. 

Propositalmente venho falar desses álbuns já tarde. Deixo Mariana Aydar pra um texto exclusivo depois, falemos de Catto e Maria Rita. Num ano de lançamentos primorosos como o álbum de estréia do Cícero, Canções de Apartamento, não é muito difícil parecer mais-ou-menos, ainda mais quando se espera por um trabalho com grande expectativa. 

Ouvi repetidas vezes e estou ouvindo novamente agora para reafirmar que o álbum de Maria Rita, para mim, é uma decepçãozinha. A cantora está impecável como sempre, voz bem colocada, interpretação na medida mas não há nada de novo no Elo, nada que acrescente à carreira da artista. Depois do ótimo Samba Meu de 2009, parecia que Maria Rita havia finalmente se encontrado musicalmente e que o próximo álbum também seria do gênero, mas não é o que constatamos com Elo

Maria Rita volta a passear pelo jazz contemporâneo de ótima qualidade já presente nos seus dois primeiros CD's. São 11 faixas que contam com regravações de canções bastante conhecidas pelo público, como Menino do Rio e A História de Lily Braun, incansavelmente regravada, como fez recentemente Maria Gadú e Teresa Cristina em seus respectivos últimos trabalhos. O álbum também traz regravações menos conhecidas, como Santana, já gravada pelo impecável Rubi. Minha queridinha do Elo é a regravação de A Outra, que Maria Rita sacou do repertório de Los Hermanos, já visitado por ela outras vezes.

Vale aqui um parênteses para esclarecer que Elo nasceu de uma turnê que Maria Rita fez, sem título e sem cenário, assim que encerrou os trabalhos com o Samba Meu. Como o contrato que a cantora tem prevê que ela lance um álbum de dois em dois anos, ela entrou em estúdio e fez um CD baseado nesses shows. Até cheguei a ver um destes, e claro, foi perfeito porque Maria Rita é Maria Rita. Para nos deixar com vontade de mais samba, Elo se encerra com a ótima regravação de Coração em Desalinho, que todo mundo pôde ouvir por meses na abertura de uma novela da Globo que já até esqueci o nome. É um bom álbum, queria mais, esperava mais e vou continuar esperando, mas nem por isso Elo deve ser desprezado. Vambora ouvi-lo!

Quanto ao Fôlego, de Filipe Catto, a empolgação é outra. Que álbum delicioso! Conta com algumas regravações, mas sem nenhuma repetitividade e nem clichê. Das regravadas, a mais conhecida é Garçom, famosa na voz do caricato Reginaldo Rossi, mas que com Catto ganha uma seriedade comovente, um lamento de desamor dos mais bonitos. 

Em Fôlego também se destacam as inéditas e autorais Adoração e Redoma. Especial atenção também para Roupa do Corpo, canção autoral que já havia aparecido no seu trabalho de divulgação, Saga (2009), que ganhou uma roupagem mais sofisticada no CD. Também impecável no que diz respeito a voz e arranjos, em Fôlego o cantor se aproxima mais da linguagem pop, tanto no ritmo quanto nas letras, deixando mais sublime sua característica referência literária, mas sem abrir mão da qualidade musical. Fôlego está imperdível! Atenção especial para 2 Perdidos. Cliquem nos títulos abaixo e bom deleite!

Elo (2011) - Maria Rita
1. Conceição Dos Coqueiros
2. Santana
3. Perfeitamente
4. Coração A Batucar
5. Menino Do Rio
6. Pra Matar Meu Coraçao
7. A História De Lilly Braun
8. Nem Um Dia
9. A Outra
10. Só De Você
11. Coração Em Desalinho




Fôlego (2011) - Filipe Catto
1. Adoração
2. Gardênia Branca
3. Johnnie, Jack & Jameson
4. Redoma
5. Juro por Deus
6. 2 Perdidos
7. Alcoba Azul
8. Saga
9. Nescafé
10. Garçom
11. Crime Passional
12. Roupa do Corpo
13. Rima Rica/Frase Feita
14. Dia Perfeito
15. Ave de Prata

quarta-feira, 5 de outubro de 2011

Björk e seu Biophilia

Depois te ter lançado clipe no Youtube da canção Crystalline, em julho, Björk liberou seu oitavo álbum para ouvir on line e na íntegra nessa quarta-feira. Oficialmente, Biophilia será lançado em 10 de outubro, nos formatos de CD, vinil e aplicativos para iPad.

Biophilia (2011):
1 - "Moon"
2 - "Thunderbolt"
3 - "Crystalline"
4 - "Cosmogony"
5 - "Dark Matter"
6 - "Hollow"
7 - "Virus"
8 - "Sacrifice"
9 - "Mutual Core"
10 - "Solstice"


Músicas do digipak:
11 - "Hollow" (versão original de 7 minutos)
12 - "Dark Matter" (com Choir & Organ)
13 - "Nattura"

Clique AQUI para ouvir o álbum na íntegra.

terça-feira, 4 de outubro de 2011

O multitalento de Clóvis Struchel

Não, ele não é modelo, ator e manequim. Os talentos dele são outros e bem reais. Eu conheci o Clóvis através de seu blog. Ele tem uma literatura densa que é verdadeiramente admirável e excitante. Conversa vai e conversa vem, descobri que ele não só escrevia prosas, mas também letras de músicas. E logo após, que não só escrevia músicas, mas também cantava. E cantava bem! E a partir daí a admiração só foi crescendo e tender a crescer ainda mais.

Nos últimos dois anos Clóvis foi amadurecendo como artista e deixando de lado o amadorismo de iniciante. Escreveu dois livros, um romance e um livro de microcontos, trabalhos que rendeu um contrato com a editora Multifoco. Contudo, acredito eu, a paixão de Struchel está mesmo na música.
Sou músico. Não sou cantor. Não tenho pretensões de chegar ao nível de um Donny Hathaway, por exemplo. Canto as minhas canções com verdade, e isso é o melhor que eu posso fazer por mim.
Ao ter aulas de canto com a ótima Suely Mesquita, o cantor e escritor foi apresentado a Lucina, uma das parcerias musicais mais freqüentes de Zélia Duncan. Esse foi o pontapé inicial para que Clóvis passasse a circular e ser admirado no meio artístico por nomes importantes com o Edu Krieger, Luis Capucho, Fernando Paiva, Bruno Scamtamburlo etc. Lucina e Edu até chegaram a escrever sobre ele em veículos de informação, admirado com sua musicalidade e talento. Na mesma época, conheceu também Kali C., quem o incentivou muito e produziu o seu primeiro show. Com Lucina e Sonya Prazeres, compôs Tristezas, registrada em vídeo pela Lucina no projeto Música de Bolso.




Entre parcerias, planos, músicas, redescobertas musicais e lapidações, finalmente Clóvis foca-se novamente na música e volta aos estúdios para terminar o seu primeiro álbum. Como poucos, Struchel consegue ser pop e manter a qualidade musical. Suas letras fogem do clichê e do refrão fácil, certamente é um talento que brevemente veremos em vôos bem maiores. Por enquanto, como aperitivo dessa voz de nuance anacrônica e noturna, o registro da inédita Fui Ali.



Qualquer outra novidade sobre o trabalho do cara eu posto aqui, e que venha o CD!

segunda-feira, 26 de setembro de 2011

O triste declínio da “Nova MPB”


A MPB sempre viveu de safras e hiatos, alguns grandes, outros nem tanto. Lá no começo da década de 90 e durante toda sua duração, a grande mídia passou a cria uma tal de “nova MPB”, incluindo grandes nomes femininos que surgia na música nacional. Marisa Monte, Adriana Calconhotto, Ana Carolina e tentaram até mesmo incluir Cássia Eller nesse jogo aí, mas eu não vou jogar a maior rockeira do país nesse meio aí. 

Além, ainda tivemos as cantoras de um só sucesso, que apesar de promissoras, logo caíram no esquecimento. Deborah Blando, Patrícia Marx e mais algumas outras que incluídas em trilhas de novela experimentaram um sucesso vindo tão rápido quanto o posterior ostracismo.

Já nos anos 2000, posso lembrar de Vanessa da Mata e seu surgimento para as massas. Ótima compositora, sempre foi uma cantora superestimada, fato que se comprova por doloridas desafinações em apresentações ao vivo. Teve também o surgimento de Maria Rita, meu amor platônico, que apareceu somente como filha da Elis Regina e nada mais.

Particularidades à parte, todas criaram clássicos instantâneos, foram ovacionadas pelo público e ganharam uma espécie de altar por parte da grande mídia. Merecidamente? Talvez. Adriana Calcanhotto, dentre as citadas, talvez seja a que menos aparece na TV e a que guiou sua carreira de maneira mais brilhante. Calcanhotto não teve medo e não quis viver à sombra de “Vambora”, reinventou-se em Partimpim, voltou aos seus ritmos habituais com maestria e mais uma vez se reinventou com seu ótimo O Micróbio do Samba.

Ana Carolina, a quem já dediquei um texto específico aqui no blog, está apagada desde sua parceria com Seu Jorge. Dois Quartos, seu álbum solo após parceria com Seu Jorge, viveu mais pelas suas polêmicas que pelo que apresentava musicalmente. N9ve é chatinho, cansativo e burocrático, não lembra em nada a velha Ana Carolina cheia de vigor.

Vanessa da Mata ainda anda cheia de suas altos e baixos, ora com excelentes canções, ora com alguma bobeirinha radiofônica que nos empurram goela abaixo meses seguidos. Vanessa talvez seja a rainha do remix, invade as pistas de dança mesmo falando ai ai ai ai ai ai ai trocentas vezes seguidas. Eu gosto dela, queria ter escrito algumas de suas canções e a acho com uma energia ímpar, mas ainda é uma cantora de álbuns irregulares, sem um padrão de qualidade.

Maria Rita, após dois álbuns plurais quanto a ritmos e estilos, se encontrou no samba e finalmente parece ter exorcizado de vez a sombra de Elis a sempre a perseguiu. Maria Rita é uma grande cantora, versátil musicalmente, mas pouco ousada enquanto artista. Tecnicamente é irrepreensível, o carisma admirável, mas leva a carreira com pouca dinâmica, passa anos sem lançar nada.

Por último chegamos a Marisa Monte, uma espécie de bibelô dessa tal “Nova MPB”. Eu gosto de Marisa Monte e claro que muitas de suas músicas fazem parte da vida, de fases e relacionamentos. Acho que quem nunca cantou “Não Vá Embora” com sorriso aberto não sabe o que uma paixão, e quem nunca se contorceu com os versos de “Bem Que Se Quis” é porque não prestou atenção na lascividade da letra.

Cheia dos projetos profissionais e pessoas, vezenquando Marisa some, mas sempre que ressurge fazem festa e batem palma. Em seu último “ressurgimento” Marisa chegou cantando uma música de matar qualquer diabético por tanto açúcar e qualquer letrista pela falta de rima e métrica na música. “Não É Proibido tocou exaustivamente. Chego a cogitar alguma parceria dela com os laboratórios produtores de insulina...

Jujuba, bananada, pipoca,
Cocada, queijadinha, sorvete,
Chiclete, sundae de chocolate,

Uh!
Paçoca, mariola, quindim,
Frumelo, doce de abóbora com coco,
Bala juquinha, algodão doce e manjar.

Uh!

Depois de outro sumiço, agora volta Marisa Monte com Ainda Bem. Comecei já estranhando o título, por ser o mesmo de uma canção da Vanessa da Mata, mas tudo bem, vamos lá ouvir o que essa grande voz tem pra nos mostrar e gente! Que coisinha chata. A música é pobre, ganhou um clipe pobre e não empolga nem se ouvir depois de tomar umas tequilas. Não é ruim, mas é pobre. Uma coisinha morna que vai ter gente falando que é singela, esquecendo-se da linha sutil entre o simples e o simplista. Mais uma parceria de Marisa com Arnaldo Antunes, tem umas rimazinhas e um “na na na na na” típico de Jota Quest.





Alguém duvida que vamos ouvir muito essa música? Vai tocar, claro que vai, e o nome disso é inve$timento. Aparece só quem tem, e as fórmulas são as mesmas sempre. Anderson Silva, celebridade onipresente do momento, participa do clipe para deixar deixar claro o apelo da visibilidade. Som Livre, Sony-BMG e Universal dominam os meios de comunicação em massa.

Enquanto a TV insiste a mostrar as santas do altar, tem uma galera profana fazendo bonito longe dos holofotes. Gente de talento que não precisa viver de memória e mantém viva e rica a música do Brasil. Salve a música impopular brasileira!

sexta-feira, 16 de setembro de 2011

Jarle Bernhoft

De tempos em tempos aparece o talento único na música norueguesa. Artistas que têm uma singularidade que logo desperta nosso interesse. Talentos que, independentemente do gênero, dominam muito bem o equilíbrio entre qualidade e musicalidade. Jarle é um desses caras. 

Jarle Bernhoft é um norueguês, cantor, compositor e guitarrista. Nascido em Nittedal, Akershus, Noruega, Bernhoft foi o co-fundador e vocalista da banda de rock Span, surgida em 1999, alcançando relevante sucesso na Noruega e também em parte da Europa. Após o fim da banda, Bernhoft assumiu carreira solo e foi moldando sua musicalidade, distanciando do rock e se aproximando mais do funk e do soul. O resultado contagia. Tentando estabelecer alguma comparação, diria que é uma mistura de Jamiroquai com Jamie Cullum.

Seu primeiro álbum solo em estúdio foi o Ceramik City Chronicles, lançado em 2008 e muito bem recebido pela crítica especializada, também agradou ao público e ficou em quarto lugar nas paradas norueguesas. Já em 2010, Jarle lançou o excepcional 1: Man 2: Band, onde expõe todo seu talento como intérprete e multiinstrumentista, não deixando dúvidas de que veio para ficar e marcar seu território na música mundial, apesar de ainda pouco conhecido por aqui. 

Em 2011 Jarle apresentou um novo trabalho intitulado Solidarity Breaks, mas esse eu ainda não ouvi, então vamos ficando por aqui. Devo dizer que o cara é imperdível e que vale muito a pena conhecê-lo? Os links estão logo abaixo do vídeo.
 


My Space | Site Oficial
Baixar:  Ceramik City Chronicles | 1: Man 2: Band | Solidarity Breaks
PS: sigam @VaralFult

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Blind Pilot lança novo álbum

Para quem ainda não conhece a banda, Blind Pilot foi uma das maiores revelações da música folk no último ano.  A banda que inicialmente contava com apenas dois membros, Israel Nebeker na voz e violão e Rian Dobrowski na percussão, hoje conta com  seis membros e instrumentos como gaita de fole e vibrafone.
A música de Blind Pilot conquista por sua leveza e simplicidade, que fez com que se destacassem no cenário de Portland, Oregon de onde a banda veio e onde há uma grande concentração de bandas folks. São músicas simples que lhe dão uma vontade de ficar cantarolando durante o dia, músicas que cantam a singeleza do cotidiano, das dúvidas diárias. Talvez seja esse o motivo pelo qual eles tenham passado de pequenas "turnês de bicicleta" à grandes concertos com milhares de pessoas.
Com a nova incorporação de novos instrumentos a música tornou-se um pouco mais complexa, mas ainda com seu tom de simplicidade, algo como um lo-fi de qualidade. Seria difícil dizer qual álbum seria o melhor, se 3 rounds and a sound, ou o novo, lançado ontem, We Are The Tide.

E deixo aqui uma pequena amostra do trabalho desenvolvido pela banda no novo álbum.


De Onde Vêm As Boas Idéias?


quinta-feira, 8 de setembro de 2011

Thalmíssima

Hoje no twitter a cantora e atriz Thalma de Freita disponibilizou seu ensaio caseiro com o ótimo violonista Paulão Sete Cordas. O ensaio reúne pérolas como A Flor E O Espinho, Não Foi Em Vão, O Meu Mundo Caiu e até a antiquíssima Risque, que aprendi a cantar ouvindo um LP pura mágoa do Altemar Dutra que minha mãe tinha. É pra dilacerar sem dó, Thalma e sua precisão técnica aliada a emoção:


As loucuras de Natalia Klein

Desde o fim d'Os Normais que uma série de comédia nacional não me chamava a atenção realmente. Fernanda Young e Fernando Machado (roteiristas de Os Normais) tentaram algumas outras coisas, como O Sistema, Os Aspones, mas nada realmente bom e cômico como o casal Rui e Vani. Até mesmo o segundo filme inspirado na série, foi um tanto decepcionante.

Em 2011, destaco um acerto na área da comédia, que é a série Tapas & Beijos, estrelada por Fernanda Torres e Andrea Beltrão. Demorei a assisti-la com assiduidade, mas tenho gostado do que vem ao ar, mesmo com uma ou outra cena de drama no meio, coisa que eu acho pavorosa. Comédia é pra ser comédia, roteiros com dramazinho me tiram o tesão completamente, você tá lá rindo querendo se divertir e entra uma cena melancólica no meio da parada!? Acho absurdo, eu me preparo psicológicamente pra ver comédia, não tem como engolir drama junto. Talvez por esse motivo eu não gostasse de Divã, mesmo com a ótima Lília Cabral no papel protagonista. Macho Man também não me instigou a assistir, Jorge Fernando me cansa um pouco, é muita extroversão pra pouca coisa.

Passado os tropeços, agora creio que a Globo realmente acertou o passo, mas não no seu canal aberto, e sim no Multishow. A série Adorável Psicose é dinâmica e criativa, não há como não rir das loucuras da protagonista, Natalia Klein. 

Natalia é uma jovem que acha dilemas nos mínimos aspectos da sua vida. Qualquer que seja a situação do dia, sua reação não é normal. Por isso, ela decide procurar tratamento com uma psicanalista, a Dra. Frida. As consultas servem para que a personagem revele seus problemas pessoais e sociais. Dra. Frida merece um destaque, é engraçadíssima e já teve uma crise de riso em seu consultório que me causou a mesma reação assistindo. 

A proposta da série é parecida com As Confissões de Penélope, estrelada por Eva Wilma em 1969. Nessa atual versão, Natália é solteira, tendo ao seu lado dois melhores amigos que tentam ajudá-la. No elenco também estão Juliana Guimarães, Carol Portes e Raoni Seixas.

Atualmente, a série está na segunda temporada, estreada dia 12 de maio. Depois de ser redatora do Zorra Total e do Junto & Misturado, Natalia consegue mostrar seu talento de uma forma muito mais visível. As frases dela rapidamente viram bordões e fazem parte do vocabulário do nosso cotidiano. A série está disponível pelo YouTube pelo Zingo Schneider (só assistindo para conhecê-lo, haha) e recomendo muito que assistam! A fotografia de inspiração retrô lembra um pouco Aline, da Rede Globo, é um destaque à parte.

quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Vows (2011)

Semana passada eu fiz um post aqui no blog sobre a neozelandeza Kimbra e postei algumas músicas avulsas dela, prometendo o CD em breve. A Luiza, menina boa que é, já achou o tão esperado CD e disponibilizo aqui agora. Eu ainda não ouvi, mas pelo que já foi apresentado, podemos esperar um álbum interessante e rico em referências e novas tendências. (Para obtê-lo, clique na imagem)
01. Settle Down 4:17
02. Cameo Lover 4:03
03. Two Way Street 4:29
04. Old Flame 4:27
05. Good Intent 3:32
06. Plain Gold Ring 4:03
07. Call Me 4:32
08. Limbo 3:52
09. Wandering Limbs 5:27
10. Withdraw 4:06
11. The Build Up 8:21

quinta-feira, 25 de agosto de 2011

Cícero

Simples como seu nome, Cícero encanta pelo seu lirismo moderno e urbano. E quando eu digo que encanta, não é hipérbole ou metáfora, encanta de verdade. Seus versos sempre muito bonitos são embalados por melodias contagiantes que deixam a gente com sorriso meio bobo. 

O cantor é ex-vocalista da banda carioca Alice, tem 25 anos e lançou em junho o ótimo álbum Canções de Apartamento. Além de cantor, Cícero é também DJ e produtor de algumas festas cariocas como a Yellow Submarine.
"... acerta a coisa certa a se fazer e diz que só queria descansar de quem a gente mesmo escolheu ser..."
Ouso dizer que é o melhor álbum de 2011, para também admirar o trabalho do cara é só clicar AQUI. Deleite-se.

quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Flavio Tris

Flavio Tris é nome novo sim, mas você ouve e nem percebe, porque Flavio traz algo de Luiz Gonzaga misturado com Miles Davis que é muito familiar, e nem por isso deixa de ser original. O timbre é forte e marcante, mas não assusta, tem aconchego nas letras cheia de lirismo.

O paulistano que é cantor, compositor e multi-instrumentista resgata na sua música os tempos das canções de protesto, mas longe de ter um engajamento vazio e piegas, é música que flui naturalmente, com felicidade e instigando o pensamento. Atemporal como todo artista de verdade, Flavio é um daqueles caras que rapidamente se tornam essenciais na nossa playlist.

Carreira
Flavio Tris estudou piano clássico e popular durante dez anos, assumiu a autodidática e passou a dedicar-se ao violão, ao sitar e ao harmonium. Integrou o coletivo musical Kailash (2000/2003) e o duo ShivaOxalá (2004/2006), em companhia do violeiro Ricardo Nash. Em novembro de 2007, compôs e executou em cena, em parceria com o cantor e compositor Leo Cavalcanti, a trilha sonora do espetáculo teatral “Histórias que Contam” (Centro de Cultura Judaica – SP), escrito e dirigido por Maurício Abud.

No início de 2009 integrou o projeto “12 exemplares”, da poetisa paulistana Júlia de Carvalho Hansen, tendo musicado quatorze poemas contidos em seu livro de estréia (“Cantos de Estima”, Selo de Estimas e Grama, 2009).

A partir do segundo semestre de 2009, após longos anos de gestação de seu trabalho autoral, Flavio Tris passa a se apresentar munido apenas de voz e violão. Em novembro de 2009, têm início suas apresentações em companhia da banda composta por Maurício Maas (acordeon, baixo e percuteria) e Tchelo Nunes (violino e baixo). Desde então, apresenta-se em diversos pontos da capital paulistana e já foi se apresentar até em Portugal. No início de 2011, lança de forma independente seu primeiro EP, disponível logo ali embaixo, produzido em conjunto com Mauricio Maas e Tchelo Nunes.
01. Sereia da Noite
02. Prá Ver a Voz
03. Alento Noturno
04. Asa de São João
05. Brisa Boa, Vento Leste

segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Kimbra


Feche os olhos e ouça com calma. Com uma voz que desmente a sua idade, vinte anos, Kimbra encanta seu público inspirada por grandes nomes do jazz, como Nina Simone, ao mesmo tempo, trazendo influências contemporâneas como Björk e Camille. Quem me apresentou a ela foi o Murilo, que já contribuiu com o Varal outras vezes.




Em seu primeiro single, Settle Down, a cantora australiana já impressionou, seja pela beleza do rosto, da voz, do clipe ou de tudo isso junto. Sua voz é capaz de modulações interessantes, gerando um ritmo muito particular e contagiante. Em alguns momentos me lembra Regina Spektor, mas Kimbra apresenta singularidades também, é uma camaleoa, às vezes com pegada de funk, outras de jazz, mas sempre bem próxima do pop. Sem mesmice, Kimbra promete muita coisa ainda. Abaixo, algumas músicas avulsas e AQUI uma compilação com algumas outras.
Kimbra - Settle Down

Kimbra - Settle Down (Penguin Prison Remix)

Kimbra - Good Intent

Kimbra - Plain Gold Ring

sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Nova do Thiago Pethit

Thiago Pethit acaba de lançar uma nova música, é em inglês e muito gostosinha. O folk tá ficando pra trás e se aproxima o pop, mas com muita qualidade. Vale a pena, é realmente boa!


segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Núria Mallena

Nascida no Sertão de Pernambuco, Núria Mallena começou à tocar violão aos 10 anos. Junto com sua irmã, Pollyana, faziam shows e participavam de festivais pelo interior do estado. As composições e também arranjos, foram talentos moldados durante sua trajetória. Ainda na adolescência, em Recife, formou uma banda chamada “Dona Flor”, que, na época, tocava rock/pop.

Da sua paixão pela MPB nasceu seu primeiro CD, totalmente independente, chamado: “Dados”. Saiu em turnê, chegando a fazer shows, no interior de Pernambuco, para um público estimado em 20 mil pessoas.

Em sua primeira visita ao Rio de Janeiro tocou no Café Palácio e na Far Up, em 2005 retornou ao Rio, dessa vez para morar. Desde então vem se apresentando e mostrando seu trabalho no cenário carioca. Além das casas que havia se apresentado, tocou também no “Armazén Enseada”, “Madame Vidal”, “Sobrado Cultural”, fez uma temporada na Lagoa Rodrigo de Freitas e outra no “Espírito das Artes”, na Cobal de Humaitá, junto com a revista “Star Palco”.

Com um repertório que passeia com bastante segurança por nomes consagrados como Chico Buarque, Marisa Monte, Adriana Calcanhoto, Chico César, Alceu Valença, Cássia Eller, Nando Reis e outros. Sem deixar de lado suas composições e mostrar uma mpb/rock de qualidade e estilo inconfundíveis.

Eu descobri essa moça assitindo a novela Cordel Encantado, da Rede Globo, onde participa com a música apaixonante Quando Assim e embala o casal Augusto e Maria Cesária. Ela tem um timbre muito gostoso, que vale a pena ouvir e se deliciar. Na sua página do LastFM estão disponíveis algumas faixas, é só clicar. Tem o MySpace também onde dá pra ouvi-la.


segunda-feira, 1 de agosto de 2011

Visceral

Quem ainda morre de amor, no sentido real da expressão? Sim, ainda morrem de amor. Alguns dias atrás, num sábado de alegria e cerveja, recebi pelo celular a notícia que Amy tinha morrido. Alguém que sabia que eu gostava realmente dela resolveu me avisar, ainda nem me liguei em quem fez isso, mas foi assim que fiquei sabendo. E naquele momento o sábado mudou, mudou o clima, em minha cabeça eu só conseguia ouvir Cássia Eller berrando “eu não posso causar maaaal nenhum a não ser a mim mesmo, a não ser a mim”.


Ouvi Back to Black infinitas vezes por canais de TV e bares, cantarolei Love Is A Losing Game baixinho sem nem mesmo perceber, enquanto levantavam hipóteses, faziam piadinhas e se lamentavam pela morte supostamente precoce de Amy Winehouse. Ela foi ao tempo dela, sem precocidade. Morreu ainda estando viva, imprevisível, verdadeira, crua.

Amy está na história da música sem fazer muito esforço, pois tinha talento. Deixa algumas músicas, uma história trágica e bonita, daquelas que hão de virar filme em Hollywood. Vítima do amor romântico, retrô, e nem na morte ela trai a si mesma. Vou guardar em mim essa saudade que não se explica e é até mesmo um tanto quanto ridícula, mas existe. Em meio a esse burburinho da morte, me perguntaram como eu podia gostar de alguém “que só fazia coisa errada”... Eu admiro quem me parece ser real, gente crua, de verdade.

quinta-feira, 21 de julho de 2011

Filipe Catto no Música de Bolso

Depois de entrar na trilha sonora da novela Cordel Encantado e aparecer no Altas Horas, parece mesmo que Filipe Catto está alçando vôos mais altos. Recentemente ele gravou dois vídeos para o ótimo site Música de Bolso. A primeira delas é Gardênia, gravada num ambiente muito propício para a música. Vale atenção especial para o Guga Machado na percussão, sempre irrepreensível.




Já a segunda é Redoma, com destaque para a afinação muito precisa do Filipe. O ambiente é uma coisa à parte. Vale vê-lo e ouvi-lo, com todos os sentidos possíveis.


terça-feira, 5 de julho de 2011

Negligenciados: Zé Renato

Eu conheci Zé Renato em 2007, pelo seu CD de 2001 intitulado Filosofia, só com composições de Noel Rosa e Chico Buarque. Logo à primeira "ouvida", me apaixonei pelo timbre e pela interpretação de Olhos nos Olhos, uma das melhores que conheço (só não é a melhor porque Maria Bethânia é Maria Bethânia, né? haha). Zé tem um timbre admirável e traz precisão técnica nas suas interpretações, sem nunca deixar de lado a emoção, tão importante e presente na MPB. Apesar dos seus 34 anos de carreira, o cantor é ainda pouco conhecido, e por isso hoje está aqui na série Negligenciados.

Zé Renato começou sua carreira artística participando de festivais. Em 1977, integrou o grupo Cantares, ao lado de Marcos Ariel, entre outros, com o qual lançou um compacto duplo pela Funarte, no ano seguinte, no projeto "Vitrines". Em 1979, formou, com Cláudio Nucci, David Tygel e Maurício Maestro, o quarteto vocal e instrumental Boca Livre, com o qual ganhou projeção nacional e gravou vários discos.

Construiu sua carreira solo paralelamente ao seu trabalho com o Boca Livre, participando individualmente de vários projetos musicais. Em 1982 lançou Fonte da vida, seu primeiro disco solo, e, no ano seguinte, Luz e mistério. A partir de 1984 começou a atuar em dupla com Cláudio Nucci, com quem lançou o disco Pelo sim, pelo não. Suas canções Pelo sim, pelo não (com Cláudio Nucci e Juca Filho) e A hora e a vez (com Cláudio Nucci e Ronaldo Bastos), gravadas nesse disco, foram incluídas na trilha sonora de "Roque Santeiro", novela da TV Globo.

São vários os seus discos, incluindo parcerias magistrais com que vão de Tom Jobim a Arnaldo Antunes. Zé Renato também tem dois CD's de forró para crianças, um projeto premiado em alguns eventos de música, como o Prêmio Tim. Atualmente o cantor prepara o álbum Imbora, que deve ser lançado muito em breve. Vale a pena conhecê-lo melhor e admirar-se com essa voz.

Alguns discos disponíveis AQUI | Site Oficial | MySpace

sábado, 25 de junho de 2011

Pitanga em Pé de Amora

Uma das minhas mais recentes descobertas e foi completamente por acaso, li o nome e achei interessante. Minutos depois, lá estavam eles na TV Câmara fazendo um show mais que empolgante. Formado por Diego Casas, Ângelo Ursini, Gabriel Setubal, Daniel Altman e a cantora Flora Poppovic, o grupo Pitanga em Pé de Amora existe desde 2008 e apresenta em seu show músicas de sua autoria, compostas em parcerias entre os integrantes da banda.

Sambas, choros, frevos, canções e até jazz fazem parte desse repertório interpretado com leveza e humor, levando ao público crônicas geniais em suas letras. Musicalmente, lembram-me os sensacionais Graveola E O Lixo Polifônico, mas com menos melancolia e mais brasilidade, lembra também Casuarina, mas com mais toques de Pixinguinha e Cartola. São modernos ao resgatar os ritmos antigos esquecidos há tanto tempo. Vale a pena e é necessário conhecê-los, o CD está disponível gratuitamente no site deles. Corre lá e bora começar a cantar!

sexta-feira, 24 de junho de 2011

Viva o milho verde!

Hojé é dia de São João Batista, fortemente sincretizado com o orixá Xangô em todo o Nordeste. Sincretismo presente nas festas, nos cultos e até na música popular. Para demonstrar, ninguém melhor que Bethânia, sobre-humana.



Meu pai São João Batista é Xangô
É do dono do meu destino até o fim
Se um dia me faltar
A fé ao meu senhorDerrube essa pedreira sobre mim

terça-feira, 21 de junho de 2011

Negligenciados: Maria Gladys

Há um tempo atrás comecei aqui no blog uma série que tem por objetivo resgatar nomes de cantores, compositores e artistas em geral que são negligenciados pela grande mídia ou até mesmo pelo púnlico. Nem sei mais quantos posts fiz com esse tema, mas hoje darei continuidade. Antes de mais nada, devo me desculpar pelo abandono ao blog, mas é que as ocupações aumentam, o tempo on line diminui e também não há muitas novidades e lançamentos relevantes nos últimos tempos. Voltando ao post de hoje, vou falar de Maria Gladys, que de nome assim ninguém deve saber de quem se trata, mas basta uma foto para que todos a reconheçam.

Sempre vi Maria Gladys na TV fazendo empregadas sem relevância alguma, e fui me atentar para a história dela numa madrugada qualquer, vagando por canais sem audiência, me apaixonei por aquela loucura setentista que ela exalava, e há muito tempo penso em escrever a respeito, mas nunca consegui. O texto original foi publicado no Jornal da Cidade, em 16 de novembro de 2008. Bora lá conhecer essa mulher que tem história pra virar filme, livro e sem sensacionalismo nenhum. São cruezas admiráveis, como revela seu rosto já riscado pelo tempo.


Um apartamento de fundos na Avenida Atlântica. Maria Gladys abre a porta. O cheirinho de insenso transborda da sala decorada com móveis caquéticos, livros e algumas fotos que chamam os olhos. Num retrato caseiro, que se enxerga logo, Glauber Rocha fuma um baseado no canto da boca, com ar debochado. Bem Glauber. Gladys não faz cerimônia. Manda ir entrando e se acomodando. O show começa. Ela fala andando de um lado para o outro, sem economizar nos gestos, nas frases inspiradas, no raciocínio rápido, nas histórias inacreditáveis. Cigarrinho numa mão, copinho de cerveja na outra.

Há dois anos, a atriz protagonizou a cena mais surreal da sua carreira de mulher que sempre viveu como se não houvesse amanhã. Ela estava no Cevada, um boteco de esquina em Copacabana. De repente, ouve gritos:

— Gladys! Oh, Gladys, corre aqui! Rápido!

Era o cineasta Neville de Almeida, estacionado na frente do bar. Ele lhe passa o celular. Do outro lado da linha está Lee Jaffe, amigo-irmão de Jean Michel Basquiat, fotógrafo, videomaker e integrante da trupe de Bob Marley e Peter Tosh nos anos 70, autor do compêndio do reggae “One love”. Os dois trocam meia dúzia de palavras. Uma semana depois, chega um email de Jaffe com fotos da família. Gladys percebe uma semelhança suspeitíssima entre Rachel, sua segunda filha, e o primogênito do artista. A suspeita gerou um exame de DNA. E o fim de uma dúvida cruel. Jaffe, um caso de amor dos tempos em que a atriz morou em Londres, é o pai da moça, que até então se pensava ser filha de um inglês que Gladys conheceu numa festa onde Mick Jagger trajava um tutu de bailarina azul-celeste.

— Nunca escondi da Rachel que ela era filha de Woodstock — diz Gladys.

— O Lee era da nossa corriola em Londres. Naquela tarde, ele me ligou depois de uns 30 anos. Parei o carro na porta do Cevada para falar com calma e vi a Gladys. Não acreditei na coincidência. Dias depois, ela me manda um email com fotos dos filhos do Lee. Respondi: “Acabou a dúvida, amiga. Manda uma foto da Rachel para ele” — conta Neville.

A biografia de Gladys é assim: uma sucessão de casos surpreendentes, que ela relata com o dom de artista que Deus lhe deu. E o talento dela está voltando à cena “cabeça”. Musa do cinema marginal nos anos 70, queridinha de diretores como Julio Bressane e Domingos de Oliveira, a mulher feia viveu nos últimos anos uma sucessão de empregadas domésticas em novelas. Algumas inesquecíveis, diga-se, como a espalhafatosa Lucimar, de “Vale tudo”. Agora, no entanto, a atriz que nunca se encaixou nos padrões convencionais virou um documentário e está na mira de dois diretores cultuados, o pernambucano Cláudio Assis e o promissor Bruno Safadi, que a escalaram para seus próximos longas. O documentário é da cineasta Paula Gaitán, ex-mulher de Glauber, que resolveu contar a história da atriz no filme “Vida — Sobre Maria Gladys”, exibido no Festival do Rio, na Mostra Internacional de Cinema de São Paulo e já agendado para o circuito de festivais europeus. A louca trajetória de Gladys merece mesmo platéia.

— O cinema brasileiro deve muito a Maria Gladys — diz Cláudio Assis. — Hoje se sacrificam talentos em prol de rostinhos bonitos. Há muito estou de olho nessa danada.

Voltemos aos anos 70. Naqueles tempos ainda de swinging London, a atriz vivia por lá, em Notting Hill, cercada por sua turma: Bressane, Neville, Rogério Sganzerla, Glauber, Dedé e Caetano Veloso, Sandra e Gilberto Gil, Hélio Oiticica, Jorge Mautner, Gal Costa, Tim Maia. Alguns eram moradores fixos, outros flutuantes. Todos enxotados do Brasil pela ditadura. Nascida e criada no subúrbio do Rio, histriônica, como bem a define seu amigo Bressane, Gladys caiu de boca no mundo. Virou hippie, adotou o visual psicodélico, tornou-se partidária do sexo livre, embarcou na onda do LSD. Sua única obrigação era assistir a concertos de rock. Com Tim Maia, companheiro de sempre, como Nelson Motta conta na biografia que escreveu sobre o cantor, ela viu o histórico show de Ray Charles no Royal Albert Hall. Na época, o par mais constante de Gladys era Lee Jaffe. Com ele, ela passou uma temporada em Nova York, onde freqüentou a galera de Andy Warhol. Segundo a atriz, a relação encaixava-se no estilo vigente: “Eu, você e todos nós.” No meio desse frenesi, no final de 1972, Gladys ficou grávida. As amigas se juntaram para fazer as contas e apontar o pai. Na regra de probabilidades, ganhou John Coward, com quem Rachel vive desde os 15 anos. O tal exame de DNA virou uma novela, ainda sem final feliz. Mãe e filha, amigas do peito, agora querem reverter a confusão.

— A gente chegou a Londres em pleno desbunde. Estava todo mundo tomando ácido na praça. Aí desbundamos também. O Lee era meu e de muitas outras. Mas acho que era mais meu — brinca Gladys. — Naquela tal festa, eu queria ter comido o Mick de bailarina. Mas acabei com o John. A Rachel nasceu em agosto de 1973, no Brasil. Com 15 anos, quis conhecer o pai que a gente arrumou para ela e se mandou para a Inglaterra. Agora está uma loucura. Como é que a gente vai contar para o John?

A essa altura do papo, Gladys já bebeu umas duas cervejinhas, fumou vários cigarros e percorreu alguns quilômetros: da cadeira de balanço, no fundo da sala, até o espelho, perto da porta. Ela estreou na vida já em grande estilo, causando barulho no bairro do Cachambi, subúrbio do Rio. A mãe de Gladys, também Rachel, tinha estreitamento de bacia e perdeu dois filhos no parto. Grandes e fortes, as crianças morreram asfixiadas. Quando Rachel engravidou pela terceira vez, a fofoca tomou conta da Rua Garcia Redondo. A vizinhança não se conformava. Apavorada, a mulher enfaixou a barriga para que o bebê não crescesse. Assim facilitaria o parto. Deu certo. Em 23 de novembro de 1939, nasceu Maria Gladys Mello da Silva. Sã e salva. Ela deveria ter se chamado Maria Inúbia. Mas, segundo acredita, foi salva pelo pai, um radiotelegrafista que trabalhava numa firma inglesa e gostava de nomes estrangeiros. Pensando bem, Maria Gladys é mesmo melhor do que Maria Inúbia.

— No meu aniversário, a rua parava. Todo ano eu vestia uma cor diferente. No ano em que usei amarelo, acordei com paralisia infantil. Minha mãe botou em mim a praga do amarelo. Nunca mais — conta. — Eu tinha 3 anos. Todo dia a gente pegava o bonde, depois um ônibus, e descia na Praça da Bandeira para ir ao médico. Eu tomava uma injeção chamada Zinfeni, que doía pra caralho. Meu único problema hoje é abaixar.

Na adolescência, Gladys ficou malfalada. Quando ela passava, a mulherada da rua cacarejava e jogava milho. Tudo porque a menina gostava de dançar nos bailões de Elizeth Cardoso. Tinha 12 anos. Aos 15, engravidou. Envergonhada, a família se mudou para o Grajaú, onde nasceu Glayson, mistura de Gladys e Edson, o pai, que logo sumiu no mundo. A mudança alterou o rumo da vida de Gladys. Na nova vizinhança, ela conheceu um menino chamado Roberto Carlos, e começou a namorá-lo. Ele tinha uma turma — Carlos Imperial, Tim Maia e Erasmo Carlos. Imperial organizava apresentações do bando no “Clube do rock”, na TV. Gladys virou umas das bailarinas oficiais do programa. Na biografia de Tim Maia, Nelson Motta descreve bem o clima: “O palco pegava fogo quando Carlos Imperial chamava os dançarinos Maria Gladys, Cidinho Cambalhota, Nilza, Bolão e Clito.” A farra durou até o final dos anos 50, quando ela se mudou com a família para Copacabana, porque queria fazer teatro.


— Passei a viver entre o Cervantes, o Beco da Fome e a praia. O Roberto já estava tocando na Boate Plaza. Só que já estava metido a besta. E eu estava entrando em outra — conta.
Em 1959, Gladys estreou no Teatro Municipal, com a peça “O mambembe”, de Arthur Azevedo. Em ótima companhia: Fernanda Montenegro, Fernando Torres, Ítalo Rossi e Sérgio Britto. Foi um sonho entrar para a companhia Teatro dos Sete. Depois de dois trabalhos com o grupo, Gladys decidiu que seria uma atriz de verdade e enfiou a cara nos estudos. Nessa mesma época, conheceu Domingos de Oliveira.

— Ele foi o primeiro homem moderno que encontrei na vida — diz Gladys.
O diretor a introduziu de vez no mundinho do teatro intelectual. E ela passou a integrar a companhia Teatro Jovem, de Kleber Santos. Em “O chão dos penitentes”, apareceu com os seios nus no cartaz de divulgação da peça, entrando para a História como a primeira atriz séria a mostrar o corpo. Era a queridinha do grupo.

— A Gladys fez o papel principal de “Sétimo céu”, a primeira peça que montei, em 1962 — lembra Domingos. — Nunca namorei a Gladys. Como não tínhamos máscaras, logo vimos que éramos amigos. Mas ela era muito atraente, uma gata que atemorizava os homens por excesso de sinceridade. Gladys nasceu sem persona. É ela. Não se engana.