O Blog:

Não importa se fútil ou cult, aqui tem o que agrada, desperta curiosidade, riso e coisas assim. Sem rótulo e sem pudor, seja fult com a gente!

sábado, 26 de maio de 2012

Maïa Vidal

Se tem um ritmo que eu abandono mas sempre volto a ele é o folk. Quando insistem os dias frios não tem como acordar cantando samba, é sempre o folk que grita mais alto. Confesso que passei todo o verão longe desse universo, mas também não vi nem resquício de algo novo e empolgante que o envolvesse. Isso mudou essa semana quando conheci Maïa Vidal. 

Vidal nasceu na Califórnia mas foi criada em Nova Iorque, estudou violino ainda quando criança e formou uma girl band  com influências punk ainda na adolescência, com a qual começou a alcançar reconhecimento depois de participar de uma série local patrocinada pela Coca-Cola.

Ao se mudar para Barcelona, Maïa aventurou-se como artista solo em trabalhos diversos, tanto fazendo covers quanto participando de outros grupos e banda, concomitante ao processo criativo do seu álgum God Is My Bike, lançado no fim de outubro de 2011. 

O álbum foi muito bem recebido na Europa e até no Japão, onde Maïa se fez três apresentações com casa lotada. O seu som é delicado e o acordeão nas faixas lembra Beirut. O clima é bucólico e lúdico, com uma distorção ou outra que a afasta do melancólico enjoativo. Vale a pena conhecê-la, não somente pelo som, mas por todo o conjunto, que inclui referências visuais de encher os olhos. 

God Is My Bike (2011) - Maïa Vidal
1
The Waltz Of The Tick Tock Of Time

2
The Alphabet Of My Phobias

3
God Is My Bike

4
La Jaula Dorada

5
Follow Me

6
Le Tango De La Femme Abondonnée

7
My Love Song

8
Poetry

9
I'll Sail All Night

10
It's Quite Alright

11
J'Suis Tranquille

12
Waltz

terça-feira, 22 de maio de 2012

Oslo, 31 de agosto



Segundo longa-metragem de Joachim Trier (até onde sei sobrinho de Lars von Trier). Oslo, 31 de agosto retrata o dia de "liberdade" de um dependente químico em tratamente. Seus impulsos controlados quando em grupo com aqueles que compartilharam de momentos degradantes ao seu lado no passado. A vontade costante de morrer, perceber que o passado está e estará sempre como pedra no seu sapato. Câmera inconstante, lembranças de uma Oslo que não mais existe como um prédio antigo que cai. Duas cenas chamam muito a atenção: quando os dois casais andam de bicicleta com os instintores, fotografia explêndida em meio ao caos e logo no início quando Anders tem uma tentativa frustrada de suicídio no rio. Somente os diálogos me incomodam no longa, um tanto herméticos, verborrágicos. Bem, recomendo.


quinta-feira, 10 de maio de 2012

Viva Elis!



No último sábado a cantora Maria Rita esteve em São Paulo com o show Nívea Viva Elis!. Projeto de Marcelo Boscoli, seu irmão e músico, em parceria com a Nívea. A turnê de cinco shows que já passou por Porto Alegre, Belo Horizonte, Recife e São Paulo, e terá sua última apresentação no Rio de Janeiro, dia 13, serve de homenagem aos trinta anos desde a morte de Elis Regina, um dos nomes mais importantes da Música Popular Brasileira.

O show de São Paulo aconteceu no Parque da Juventude e teve tanta gente acompanhando que, decidi procurar pelos números de público e resolvi desistir. A polícia informa um tanto, a organização outro. Mas a verdade é que estava lotado. Quando Maria pisou no palco, não houve quem não chorasse. Ali não estava só a filha de Elis, a tão criticada Maria Rita, a que copia o modo, a afinação e os trejeitos da mãe. Era a Maria Rita incoporada por Elis. Tudo foi pensado e estudado para que quem assistisse visse no palco, Elis.

E deu certo. Quem esteve por lá e viu a performance de “Saudasosa Maloca” não se conteve. Gritou, chorou, quando Maria arranhava a voz junto à composição de Adoniran Barbosa. Quando gritou e levantou os braços em “Como Nossos Pais”. Quando deixou-se emocionar ao cantar “Me Deixas Louca”. Quando, no ponto alto do show, cantou, sem acompanhamento, “Fascinação”.


Maria é uma das melhores intérpretes dos últimos anos, tão diferente de sua mãe e que precisou fazer um show em homegem a Elis para que a prova fosse dada. Elis não morreu, está viva em cada fã e em sua filha: na gana de cantar, no corpo e na alma.

Um pouco antes das luzes se acenderem e o espetáculo ter acontecido, por duas ou três vezes, a realização do show decidiu passar um documentário sobre o projeto e, dentro dele, algumas cenas do Programa Ensaio, da TV Cultura, em uma das aparições de Elis. Em determinado ponto ela diz que a sua música não havia mudado, mas sim ela mesma havia, a sua alegria e os seus nervos; ela era outra e sendo a música a transa maior da vida dela, isso se refletiria.

A transa maior de todos nós, fãs de Elis, foi vê-la de novo, trinta anos depois de sua morte, no corpo de outra pessoa. Mais uma vez.

terça-feira, 8 de maio de 2012

Gente grande

Clóvis Struchel, já apresentado aqui no blog ano passado, há pouco lançou seu primeiro romance pela editora Multifoco e agora dá prosseguimento ao seu trabalho musical como cantor e compositor (excelente, por sinal). Quem estiver pelo Rio e redondezas pode conferir seu show  no Espaço Multifoco (Av. Mem de Sá, Lapa, 126, Rio de Janeiro), a partir das 20h30. Os convites custam R$10 e o show conta com a participação de Elvis Marlon. Ótimo programa!


segunda-feira, 7 de maio de 2012

Gaby Amarantos - Treme

Desde Fafá de Belém e Walter Bandeira que o Pará não recebia tanta atenção da indústria fonográfica. Até que vi Gaby Amarantos pela primeira vez e confesso que achei tosco e não entendi o espaço cedido. Foi no Programa do Faustão, onde foi apresentada como a Beyoncé do Pará e mais outros adjetivos exagerados como só o Faustão sabe compor. Era uma época de tosqueiras como Stefhany, pensei que Gaby estivesse no mesmo saco e nem liguei.

Passado um tempo, Gaby ressurge como figura icônica do estado do Pará e toda a regionalidade concentrada. Trouxe à tona ritmos como o carimbó, o melody paraense e até mesmo deu visibilidade a grandes e pioneiros nomes, como o de Dona Onete (autora de Paixão Cabocla, meu orgasmo musical, hahaha). Definitivamente o Pará está num ótimo momento de visibilidade artística de modo geral e, musicalmente, Gaby vem à frente aglutinando influências externas e toda a sua brasilidade, que deixa de ser puramente regional quando abusa dos sintetizadores, faz lambada e música brega que nos remete ao nordeste. 

A MTV tem papel importante na conquista de espaço, já que muito antes do CD sair divulgou clipes e convidou Gaby para participações em programas diversos e apresentações ao vivo, jogando-a para o gosto popular. A coroação de Gaby Amarantos, queira sim, queira não, veio com a inclusão de sua música na novela Cheias de Charme, Ex Mai Love. E não é pouca coisa, é música de abertura, vai tocar por 8 ou 9 meses seguidos na casa de milhões de pessoa, visibilidade maior impossível. 

Todo esse bafafá gerou grande expectativa para o seu CD, que é como se fosse o primeiro para o grande público. Estimativa superada, ainda bem! Treme foi recém-lançado e está ótimo. Tem ritmos diversos, todos alegres e dançantes, música brega, deboche, romantismo e erotismo. É um álbum pra colocar no fim do churrasco com todo mundo bêbado e fazer fotos vergonhosas para a eternidade enquanto toca Merengue Latino ou então Mestiça. 

Treme ainda traz a participação improvável de Fernanda Takai, na regravação de Pimenta Com Sal (da ótima Euterpe) e a regravação de Coração Está Em Pedaços, sucesso antigo de Zezé di Camargo & Luciano. Ainda há outras que estão longe de ser grandes músicas, mas ganham pela empolgação, como Galera da Laje. Vale muito a pena. Despretensioso e delicioso!

PS: A capa é um lance à parte. Demais! 

01. “Xirley”
02 “Ela Tá Beba Doida (Beba Doida)”
03. Ex Mai Love”
04. “Merengue Latino”
05. “Pimenta Com Sal (com Fernanda Takai)”
06. “Gemendo”
07. “Vem me Amar”
08. “Galera da Laje (com Maderito)”
09. “Ela Tá No Ar”
10. “Mestiça (com Dona Onete)”
11. “Coração Está Em Pedaços”
12. “Chuva”
13. “Eira”
14. “Faz o T”

EXTRA!
Um pouco mais de Dona Onete num vídeo sensacional e belíssimo gravado num terreiro de Encanteria (ou Xangô, ou Catimbó) lá pras bandas do Norte. É de arrepiar a força na voz.


domingo, 6 de maio de 2012

MPB Até Quando?


A Música Popular Brasileira há muito já é indagada até que ponto é popular, agora, creio que é hora de indagarmos até que ponto é brasileira.

Na última década podemos notar um movimento de resgate da cultura nacional através de artistas que surgiam no cenário musical e outros tantos que já estão aí na estrada por mais tempo. Movimento especialmente concentrado no Rio de Janeiro e, mais recentemente, na região Norte.

São Paulo é um caso a parte, por ser uma metrópole sempre bebeu de muitas fontes externas, tornando difícil caracterizar seus frutos artísticos como autóctones. Como exemplo, temos Thiago Pethit, Tiê e Mallu Magalhães, que são artistas que cantam e compõem em outros idiomas e até veneram um estilo que não é característico do nosso cenário cultural. Já no Rio de Janeiro, onde a música brasileira sempre teve lugar cativo, algo vem mudando desde o último ano.

Na última década o samba voltou à tona, deixamos as influências do nosso rock oitentista para trás e nomes como o de Roberta Sá, Teresa Cristina, Casuarina, Diogo Nogueira e outros que mesmo não sendo sambistas, beberam da fonte e se influenciaram. Vale lembrar que até mesmo Adriana Calcanhotto, artista já consagrada há duas décadas, compôs e lançou um ótimo álbum de samba, O Micróbio do Samba. Ana Carolina vez ou outra grava um samba, compõe outro para alguém e daí por diante...

Contudo, não sei se numa tentativa de ser global ou por modismo, os últimos lançamentos dos artistas de música brasileira nos trazem gravações em outros idiomas. Isso não seria problema se estas se encaixassem nos seus respectivos álbuns, algo que, em minha opinião, não acontece.

Creio que o caso mais evidente desse estrangeirismo está no Mais Uma Página, aguardadíssimo CD de Maria Gadú. São três músicas em inglês/espanhol que destoam do restante do álbum, não encaixam ali e são as piores do álbum, fazendo um hiato no clima da coisa. Roberta Sá (Segunda Pele) e Mariana Aydar (Cavaleiro Selvagem Aqui Te Sigo) também apresentaram gravações em língua estrangeira e o problema é o mesmo supracitado. Não é por bairrismo, mas realmente me soa artificial essa nova onda. Que não dure, amém.