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Não importa se fútil ou cult, aqui tem o que agrada, desperta curiosidade, riso e coisas assim. Sem rótulo e sem pudor, seja fult com a gente!

quinta-feira, 29 de julho de 2010

Novo CD de Roberta Sá!


Depois do ótimo DVD “Que Belo Estranho Dia Para Se Ter Alegria”, Robertinha, muito felizmente, juntou-se aos cariocas que formam o trio de choro Madeira Brasil — com o qual já havia gravado a linda canção Afefé — e lançou o CD de música brasileira “Quando o canto é reza”. Como sugere o nome, as canções do CD percorrem temas religiosos, com especial atenção à africanidade. É um trabalho muito bonito, não apenas pela temática, mas por não ser superficial. Às vezes um cantor faz uma letra de amor e coloca o nome de Iemanjá ou de Oxum em uma estrofe e diz que é “de raiz”, mas não é o caso desse álbum. Roque Ferreira assina todas as músicas desse trabalho produzido por Pedro Luís.

Seja lá qual for o credo de cada um, vale muito a pena conhecer ouvir, pela qualidade vocal que a Roberta vem aprimorando e pela qualidade do trio. Não se pode deixar de prestar atenção nas letras e no significado por trás delas. É cultura brasileira autêntica, um resgate importante da cultura afro-brasileira.

O álbum conta com 13 faixas, com destaque para Menino e Tô Fora. Vale a pena, aqui está!

domingo, 25 de julho de 2010

Monarquia

Dia desses publiquei um texto aqui no Varal Fult criticando a ostentação de João Gilberto como gênio na MPB e da Bossa Nova. Uma opinião minha, claro que não é preciso concordar. Há muito que tinha aquele pensamento formado, apenas resolvi externá-lo. Pois bem, seguindo a mesma linha de raciocínio, comecei a pensar sobre a monarquia da música brasileira.

Não sei quem inventa esses títulos e começa a endeusar o artista, que vira um semideus, quase como um faraó. Às vezes o título é válido e concordo, algumas outras não. Temos vários exemplos: o Rei, a Abelha Rainha, o Rei do Baião, a Rainha do Rádio, Rei do Brega, rei disso, rainha daquilo e por aí vai. Dentre tantos, temos a Rainha do Rock, “a maior roqueira do Brasil”, dona Rita Lee.

Não quero discutir aqui a importância de Rita Lee para a música brasileira, em especial na época de Os Mutantes. Gosto e ouço tia Rita, mas sempre me incomodei com o título. Rita Lee é boa? É sim. Rainha do rock? Passa longe disso.
Fiuk, é você?


Considerando o rock como um movimento, uma música e uma postura que indicam transgressão, inovação, rebeldia e negação ao sistema e comparando esses elementos com Rita Lee, dá pra entender porque estou dizendo isso. Rita é uma senhora comportada em cima do palco, de letras doces, na maioria das vezes. Para ousar, coloca-se uma “bosta” ali, um “pinico” aqui e um “sexo” acolá. Fica nessa e não sai disso. É puro mamão com açúcar.

Vez ou outra, vemos alguma nota no jornal falando de xingamentos, de opiniões polêmicas e coisas assim. Mas isso para mim ainda não vale o trono. Aliás, vejo apenas como um artifício muito manjado para ser notícia, ou seja, para aparecer.

Há não muito tempo atrás li um texto no UOL onde um jornalista criticava a falta de profissionalismo da artista, devido ao atraso em um show em São Paulo e outros problemas, como esquecer a letra ou a banda errar notas das músicas, prova clara de falta de ensaios. Motivo a mais para repensar o trono de Rita Lee. A imagem construída é mais forte que a realidade.

Mas quem seria a rainha do rock? Pitty!? Não, claro que não... aliás, numa entrevista feita pela Marília Gabriela, a própria Pitty admitiu não levar uma vida rock’n’roll. Mas então, a pergunte precisa de uma resposta, e a minha seria bem convicta: Cássia Eller!
Cássia é um mito, a figura mais expoente do brock de todos os tempos, entre homens e mulheres. Atitude, competência, postura e (infelizmente) vida de rock. Curiosamente, Cássia é um pouco negligenciada pela grande mídia. É pouco citada, e quando é citada, infelizmente costumam lembrar apenas de Malandragem ou de Por Enquanto, que muitos ainda insistem em dizer que se chama Mudaram As Estações. Hahaha.

Cássia era pura explosão em cima do palco, completamente entregue. Havia incompostura, rebeldia, transgressão, vigor, catarse!

Apesar da grande relevância da Cássia, não vemos citarem nos programas sua data de aniversário ou coisa do tipo. Não se faz um Som Brasil ou um Por Toda Minha Vida para relembrá-la. Não se cogita fazer um filme a respeito. Cássia parece ser tabu, e talvez seja mesmo. Provavelmente, ela detestaria ser chamada de “rainha do rock” ou algo semelhante, mas a certeza que tenho é que Cássia é rock, a maior representante que já tivemos!

Salve Cássia Eller!

domingo, 11 de julho de 2010

Entrevista com Roberta Campos




Som adocicado que vem dominando as rádios e se alastrando pelos estados brasileiros. Roberta Campos com toda a sua simpatia e atenção nos cedeu uma entrevista. Obrigada Roberta!

Entrevista

1-Seu som era gravado de forma caseira, com capa feita à mão. Tudo bem
pessoal, caloroso. Agora com um contrato assinado com gravadora tudo
se torna mais profissional. Como você lida com esse grande salto? E
como não perder esse calor sendo profissional?

(Roberta Campos) Meu primeiro disco eu gravei na sala do meu apartamento, foi um
processo bem artesanal, fiz tudo, desde as composições até a capa. Foi
um processo bem artesanal, mas profissional, apesar de totalmente
independente.Saindo do independente, tendo um pessoal junto comigo, o maior cuidado
tomado foi deixar as canções como elas são, mantendo a originalidade.


2-O cenário independente vem crescendo de forma notável e tem
utilizado a internet como grande aliado. Você disponibiliza sempre
muitos vídeos, músicas em diversos meios de comunicação (orkut,
twitter, myspace). Agora com uma gravadora isso pode mudar? A relação
com os fãs terá algum obstáculo?

(Roberta Campos) Não.Continuo tendo total liberdade, sempre fiz isso pra divulgar
minhas canções e porque curto tbm. Pode ser que com o aumento dos
trabalhos eu reduza por falta de tempo. Eu adoro interagir com as
pessoas.


3-Temos a Mallu Magalhães como um grande exemplo de cantora folk que
ganhou reconhecimento da mídia através de suas músicas que foram
inicialmente lançadas na internet. Esse estilo de música ganhou um
maior espaço nos meios de comunicação em massa depois disso. Como você
tem percebido esse aumento de apreciadores do folk nacional?


(Roberta Campos) Na verdade a Mallu é Folk, mas muitos outros cantores e bandas que
tiveram destaque depois dela, nem todos tem o mesmo estilo. Vejo que
depois dela ficou mais notado o que já vinha acontecendo, que a
internet é uma boa aliada e que ela é um grande começo pra vc divulgar
seu trabalho. Acho que o folk no Brasil ganhou mais apreciadores sim,
mas tbm vejo muita coisa que se diz folk que não enxergo como tal. Meu
som mesmo, tenho uma pegada folk, mas não me encaixo no estilo, meu
som é uma grande mistura.


4-Como foi poder gravar uma música com um ícone musical que é o Nando
Reis? E com quais nomes almeja compor ou cantar junto (do cenário
independente ou não)?

(Roberta Campos) Foi fantástico. Eu sempre admirei muito o Nando e não poderia ter sido
melhor a escolha e o resultado. Hoje não penso ainda em alguém pra
cantar comigo, admiro varias pessoas, mas como estou nesse trabalho de
divulgação do disco novo, tenho esse grande foco. Compor é mais
complicado de dizer, pq comigo esse lance de composição é natural
demais e os parceiros surgem quando se manos espera, mas claro, tenho
grandes compositores que admiro muito.


5-Em tempos difíceis do mercado fonográfico por conta da pirataria,
você tem um catálogo de produtos que disponibiliza vinil pra edição de
colecionador, canecas, camisas e botons personalizados, que levam a
estética do seu trabalho. Conte-nos um pouco como surgiu essa idéia e
sobre a aceitação mercadológica dos produtos.

(Roberta Campos) A ideia surgiu para divulgar o trabalho, levar a arte e o pessoal tem
curtido muito, os produtos ficaram bonitos. O Vinil me deixou muito
feliz, foi como meu sonho em ter um disco começou...a aceitação está
muito boa, a galera tem curtido.


6-Suas músicas tem uma "pegada pop" bem marcante, sendo fáceis de
ficar na cabeça de quem ouve logona primeira vez. Essa questão é
pensada na hora de compor ou suas composições são puramente
intuitivas?

(Roberta Campos) Nunca. É tudo muito natural, é que tenho uma influencia pop tbm, essa
pegada é impensada, na verdade nem consigo perceber.


7-Através do seu CD de covers, percebemos múltiplas influências e de
diferentes estilos musicais, nacionais e internacionais. Já o seu CD
autoral é um álbum mais homogêneo nesse quesito; como se deu essa
definição estilo?

(Roberta Campos) Na verdade esse CD de covers foi uma pessoa que pegou musicas na
internet e montou um arquivo para que as pessoas baixassem todas as
canções de uma so vez. Eram canções que eu gostava de ouvir e acabei
gravando de pura diversão. Como vc disse, nos covers encontramos uma
certa diferença nos estilos...minhas musicas são um reflexo de tudo
isso, meu estilo se dá a tudo que ja ouvi, tudo que escuto, é
inconsciente.


Rapidinhas!

Nome completo: Roberta Cristina Campos Martins Sant'Ana
Data e local de nascimento: 29/12/1977 em Caetanópolis/MG
Um lugar: minha casa
Religião ou crença: Deus
Um ídolo: minha Vó
Um sonho: montar uma escola de musica
Maior felicidade até hoje: tenho vários momentos felizes...
Música preferida: são várias...cada dia escolho uma. rs
Uma mania: organização
Comida preferida: mexicana
Um prazer: a música

Podemos encontrar a Roberta no:
http://www.myspace.com/robertacampos
http://www.robertacamposoficial.com.br/
http://twitter.com/robertacampos
http://www.lastfm.com.br/music/Roberta+Campos
http://www.varrendoalua.com/

terça-feira, 6 de julho de 2010

Gênio?

“Uma vez fui fazer show no Theatro Municipal com o Tom (o Jobim, em 1992) e de repente veio um trovão. Estava sozinho no palco, foi um susto horrível. Sei lá o que houve (um técnico esbarrou na torre de luz no fundo do palco). Coisa de brasileiro. Porque não morri, tive de continuar.”

“Não gosto de jornalista brasileiro, não sabem de nada. Vou me naturalizar argentino.”


Essa e outras pérolas no mesmo tom foram publicadas pela Veja Rio, na edição de 9 de junho desse ano. A matéria, intitulada de DIÁLOGOS COM O GÊNIO traz trechos de conversas por telefone com João Gilberto, que completou 79 anos recentemente. Sim, por incrível que pareça, ele tá vivo sim. Trancado dentro do apartamento dele fazendo 40 versões de Corcovado.

Não vou reproduzir aqui na íntegra, até mesmo porque seria uma ilegalidade, mas olha, vale a pena ler. Não por ele ser um gênio, coisa que discordo, mas sim para se se perguntar por qual motivo o tratam como tal. O cara é o cúmulo do antipático, não produz nada desde o século passado e ainda sustenta essa aversão imbecil ao país onde nasceu.

A entrevista deixa bem claro que João Gilberto é um chato. Sério, eu sempre quis dizer isso. O cara fez uma música e pronto, é isso e nada mais. E pelo jeito isso é de família, porque Bebel Gilberto segue a mesma linha antipática sem uma obra relevante que justifique a petulância sustentada.

Infelizmente o cara é endeusado, enquanto tantos grandes nomes, da Bossa Nova ou não, vivem esquecidos pela crítica e pelo público, fazendo shows em bailes de aposentados para sobreviver.