Tendo em vista a MPB como aquilo que junta tudo o que é realmente popular, acabamos de ganhar um dos maiores compositores/intérpretes dessa linha.
Juliano Guerra, nascido em Pelotas, acaba de lançar seu primeiro álbum, "Lama". Autor de todas as canções, Juliano brinca com a ciranda, samba, bolero e emociona com suas músicas extremamente bem escritas. São 10 faixas onde o cantor brinca entre o lúdico e o irônico, passa pelo protesto e abaca nas canções de amor, que tanto lembram Chico Buarque, Tom Jobim e Adoniram Barbosa. Destque para as excelentes "31 de Dezembro", "Transeunte", "Inclemente" e para "A Lama", onde Juliano levanta bandeira contra a hipocrisia e desamor, faz menção aos absurdos que somos quando deixamos de ser nós mesmos, fala sobre desigualdade e suas estranhezas sobre o mundo com muito humor.
O CD está diponível para download gratuito no site do cantor e todas as informações de shows, sobre o CD e o cantor, na sua Fanpage no Facebook.
Ainda esse mês sai o tão aguardado segundo álbum de Thiago Pethit. Depois de uma estréia bastante aclamada, Thiago volta com Estrela Decadente, que já gerou inúmeras notas e matérias nas mais diversas revistas e sites. O primeiro single desse trabalho é Pas de Deux, que já ganhou clipe e abre alas para o novo trabalho. Particularmente, não curti muito a música, mas o clipe é caprichado, Pethit -também ator- é atento aos detalhes e sabe impressionar.
Tulipa Ruiz, a cantora percussora do pop-florestal, lançou-se na música em 2010 com seu álbum de estreia Efêmera. Conquistou o título de melhor álbum do ano, cantora revelação, música do ano com a faixa homônima ao disco "Efêmera", de sua autoria, que acabou chegando ao FIFA 11. Tanta coisa conquistada com seu primeiro álbum e a expectativa pelo segundo álbum não podia ser outra senão grande.
Pois Tulipa lançou em julho seu segundo CD "Tudo Tanto", com produção de seu irmão Gustavo Ruiz e lançado pela Natura Musical. E para quem esperava a continuação de Efêmera, com músicas de temas florestais, às vezes muito simples, decepcionou-se. Tulipa está diferente, dentro daquilo que sempre se propôs a fazer, música brasileira sem intenções de sê-la tradicionalmente influenciada pela Bossa Nova ou Samba.
São 11 faixas e o álbum já começa com a excelente "É", já com videoclipe rolando pela rede, com takes feitos na Europa durante sua turnê Internacional em 2011. O clipe é lindo, sensível e traz Tulipa em diferentes situações, da mesma forma: leve.
Em Tudo Tanto, a cantora brinca com o pop, o rock alternativo e por vezes com o drama adquirido por Gal, Adrina Calcanhoto e Bethânia, com sua MPB rasgada. Destacam-se, além de "É", as faixas "OK", "Dois Cafés" com a participação do sempre delicioso Lulu Santos", "Like This", "Expectativa" e "Víbora". Aliás, com Víbora Tulipa mostra o porquê tem sido tão aclamada pela crítica. Se desdobra nos agudos que a fizeram conhecida e traz para a música a intimidade necessária para se ouvir e chorar.
Tudo Tanto já está à venda pela Livraria Cultura ou pelo e-mail da cantora: discodatulipa@gmail.com. Além disso, a cantora disponibilizou o CD para download gratuito em seu site.
Tulipa está de volta e está tão boa quanto, senão melhor.
Não é novidade para ninguém que Mallu Magalhães não é mais aquela criança estranha que usava frases desconexas nas entrevistas. A moça cresceu fisicamente e musicalmente, seu último álbum é uma agradável surpresa, ainda que com a clara influência de Marcelo Camelo nas letras e melodias. O que eu não sabia é que Mallu andava por aí quase tendo orgasmos no palco, e olha, viagem delícia. E sim, Mallu tem autenticidade.
Como muito já devem saber, Maria Rita está em turnê com um show com músicas do repertório de sua mãe, Elis Regina. O show é patrocinado pela Nivea e começou na intenção de poucas apresentações, mas como já era esperado, virou turnê e logo deve sair em DVD. Enquanto isso não acontece, vai aí um vídeo do show completo. É lindo, verdadeiro e Maria Rita é ótima!
Créditos para o Marcelo (@celozudo) que me passou o vídeo!
Incômodo, essa é a palavra que me veio a mente após ver o filme. As cores, o som, os alunos, o cuspe na cara, tudo incomoda nesse filme, tudo faz revirar na cadeira. Inicialmente tem ares de indiferença humana e como isso pode ser modificado pela educação, dando pistas de ser um discurso didático, mas não é. É definitivamente um drama totalmente humano, onde os alunos e professores são pessoas além da sala de aula e onde todos se esbarram nas suas frustrações e buscam focos de esperança.
Um filme agressivo com cenas lentas, planos de cenas que hipnotizam, roteiro que mescla tantas histórias que se explicam (ou não) em momentos inesperados. Atuações que se destacam com ponto alto para Lucy Liu e sua cena explosiva como psicóloga com alunos despreocupados. Adrien Brody apaixonante em toda a sua tristeza, fúria e olhar tristonho mais bonito do cinema. Terminei o filme sem chorar, soluçar ou fazer estardalhaços, mas ninguém sai ileso a indiferença. Citação final do Poe dislacera (somente essa palavra descreve a sensação).
"Um senso de insuportável tristeza invadiu minha alma."
Lançado recentemente, o novo clipe do Criolo é um dos mais ricos que vi nos últimos tempos. Totalmente metafórico, as locações e cenas fazem referências a Ogum, orixá do da forja do ferro e dono dos caminhos na Terra. A direção é de Del Reginato e a composição é do Criolo e de Kiko Dinucci, diretor do curta-metragem Dança das Cabaças que eu postei aqui há pouco também e também integrante do primoroso trio musical Metá Metá. O resultado é incrível, um ótimo clipe a altura de Mariô, para mim, uma das melhores música do seu álbum Nó Na Orelha. Segue o vídeo:
Sei bem pouco sobre os caras que estão fazendo esse som no vídeo. Na verdade, não sei nada sobre eles, um amigo me passou o vídeo e curti muito a qualidade do que fazem. Vale a pena se expandir!
Após três anos de hiato, Ana Cañas nos apresenta seu terceiro álbum, Volta, lançado dia 15 de junho. O álbum segue o que já pudemos ver em seus dois primeiros trabalhos, a pluraridade de estilos e a avidez. Ana quer inovar, quer arrojo e ora consegue, ora não. Acho experimentações válidas e, ao contrário de muitos críticos, gostei de Volta. Tem canções preciosas como No Quiero Tus Besos (Natalia Lafourcade e Ana Cañas), Urubu Rei e Volta (Ana Cañas), esta última um deleite à parte, puro tesão. Vale a pena ouvir!
1. Será que Você me Ama? (Dadi e Ana Cañas)
2. Difícil (Ana Cañas)
3. Urubu Rei (Ana Cañas)
4. No Quiero Tus Besos (Natalia Lafourcade e Ana Cañas)
5. Diabo (Ana Cañas)
6. La Vie en Rose (Louiguy e Edith Piaf)
7. My Baby Just Cares For Me (Walter Donaldson e Gus Kahn)
8. Feito pra Mim (Ana Cañas)
9. Todas as Cores (Dadi e Ana Cañas)
10. Volta (Ana Cañas)
11. Rock and Roll (Jimmy Page, John Paul Jones, John Bonham e Robert Plant)
12. Foi Embora (Ana Cañas)
13. L’Amour (Ana Cañas)
14. Falta (Ana Cañas)
15. Amar Amor (Ana Cañas e Dadi)
16. Stormy Weather (Harold Arlen e Ted Koehler)
Um tema bem indigesto, que comove e levante polêmica entre a massa: pedofilia. Esse é o tema básico do longa Michael de Markus Schleinzer (mesmo diretor de A fita branca). Com baixa bilheteria, mas aclamado pelo Festival de Cannes, o filme divide o público. Um desenrolar bem lento e engasgado, incomoda nos diálogos pela naturalidade desumana entre sequestrador e vítima. O olhar da criança abusada sexualmente, os afazeres cotidianos de um pedófilo não reconhecido pelos que convivem, pela família. Um desfecho que abre margem pra o alívio do expectator que deseja o seu próprio "julgamento".
Ontem o Cícero lançou sue mais novo clipe, da música Açúcar ou Adoçante, uma das minhas preferidas do seu álbum Canções de Apartamento. O clipe está muito bonito, o cara não deixa nada a desejar.
Dança das Cabaças é um documentário de 51 minutos que descobri há pouco tempo e fala sobre a divindade Exu no Brasil, relevando sua natureza, sua história mítica e o modo como é cultuado no Brasil. É um filme interessantíssimo para desfazer os mitos criados pelos pilares judaico-cristãos que regem a sociedade ocidental. Um filme muito lúcido e emocionante em diversas passagens. Ótimo para quem pouco sabe e também para quem conhece o culto aos Orixás e entidades.
SINOPSE: Trazido pelos escravos com outros Deuses do panteão Yoruba, Exu foi
colocado à margem e passou por um processo de demonização que se inicia
na missão católica na África e se estende no período colonial
brasileiro, onde seus atributos originais foram ocultados.
Exu que
na África era caracterizado como o princípio da vida, a força que move
os corpos, a dinâmica, o senhor dos caminhos e das encruzilhadas, a
principal ponte entre os mortais e as divindades que habitam o além,
passa a ser visto como a personificação do mal perante o modelo cristão,
devido ao seu seu símbolo fálico e seu comportamento astucioso.
Dirigido
por Kiko Dinucci, o filme passa pelas diversas vertentes das religiões
afro-descendentes, dos candomblés (de tradição Nagô, Gege, Bantu),
Tambor de Mina, passando pela Umbanda e Quimbanda. Dança das Cabaças -
Exu no Brasil conta com participações de Sacerdotes e estudiosos.
Se tem um ritmo que eu abandono mas sempre volto a ele é o folk. Quando insistem os dias frios não tem como acordar cantando samba, é sempre o folk que grita mais alto. Confesso que passei todo o verão longe desse universo, mas também não vi nem resquício de algo novo e empolgante que o envolvesse. Isso mudou essa semana quando conheci Maïa Vidal.
Vidal nasceu na Califórnia mas foi criada em Nova Iorque, estudou violino ainda quando criança e formou uma girl band com influências punk ainda na adolescência, com a qual começou a alcançar reconhecimento depois de participar de uma série local patrocinada pela Coca-Cola.
Ao se mudar para Barcelona, Maïa aventurou-se como artista solo em trabalhos diversos, tanto fazendo covers quanto participando de outros grupos e banda, concomitante ao processo criativo do seu álgum God Is My Bike, lançado no fim de outubro de 2011.
O álbum foi muito bem recebido na Europa e até no Japão, onde Maïa se fez três apresentações com casa lotada. O seu som é delicado e o acordeão nas faixas lembra Beirut. O clima é bucólico e lúdico, com uma distorção ou outra que a afasta do melancólico enjoativo. Vale a pena conhecê-la, não somente pelo som, mas por todo o conjunto, que inclui referências visuais de encher os olhos.
Segundo longa-metragem de Joachim Trier (até onde sei sobrinho de Lars von Trier). Oslo, 31 de agosto retrata o dia de "liberdade" de um dependente químico em tratamente. Seus impulsos controlados quando em grupo com aqueles que compartilharam de momentos degradantes ao seu lado no passado. A vontade costante de morrer, perceber que o passado está e estará sempre como pedra no seu sapato. Câmera inconstante, lembranças de uma Oslo que não mais existe como um prédio antigo que cai. Duas cenas chamam muito a atenção: quando os dois casais andam de bicicleta com os instintores, fotografia explêndida em meio ao caos e logo no início quando Anders tem uma tentativa frustrada de suicídio no rio. Somente os diálogos me incomodam no longa, um tanto herméticos, verborrágicos. Bem, recomendo.
No último sábado a cantora Maria Rita esteve em São Paulo
com o show Nívea Viva Elis!. Projeto de Marcelo Boscoli, seu irmão e músico, em
parceria com a Nívea. A turnê de cinco shows que já passou por Porto Alegre,
Belo Horizonte, Recife e São Paulo, e terá sua última apresentação no Rio de
Janeiro, dia 13, serve de homenagem aos trinta anos desde a morte de Elis
Regina, um dos nomes mais importantes da Música Popular Brasileira.
O show de São Paulo aconteceu no Parque da Juventude e teve
tanta gente acompanhando que, decidi procurar pelos números de público e
resolvi desistir. A polícia informa um tanto, a organização outro. Mas a
verdade é que estava lotado. Quando Maria pisou no palco, não houve quem não
chorasse. Ali não estava só a filha de Elis, a tão criticada Maria Rita, a que
copia o modo, a afinação e os trejeitos da mãe. Era a Maria Rita incoporada por
Elis. Tudo foi pensado e estudado para que quem assistisse visse no palco,
Elis.
E deu certo. Quem esteve por lá e viu a performance de
“Saudasosa Maloca” não se conteve. Gritou, chorou, quando Maria arranhava a voz
junto à composição de Adoniran Barbosa. Quando gritou e levantou os braços em
“Como Nossos Pais”. Quando deixou-se emocionar ao cantar “Me Deixas Louca”.
Quando, no ponto alto do show, cantou, sem acompanhamento, “Fascinação”.
Maria é uma das melhores intérpretes dos últimos anos, tão
diferente de sua mãe e que precisou fazer um show em homegem a Elis para que a
prova fosse dada. Elis não morreu, está viva em cada fã e em sua filha: na gana
de cantar, no corpo e na alma.
Um pouco antes das luzes se acenderem e o espetáculo ter
acontecido, por duas ou três vezes, a realização do show decidiu passar um
documentário sobre o projeto e, dentro dele, algumas cenas do Programa Ensaio,
da TV Cultura, em uma das aparições de Elis. Em determinado ponto ela diz que a
sua música não havia mudado, mas sim ela mesma havia, a sua alegria e os seus
nervos; ela era outra e sendo a música a transa maior da vida dela, isso se
refletiria.
A transa maior de todos nós, fãs de Elis, foi
vê-la de novo, trinta anos depois de sua morte, no corpo de outra pessoa. Mais uma vez.
Clóvis Struchel, já apresentado aqui no blog ano passado, há pouco lançou seu primeiro romance pela editora Multifoco e agora dá prosseguimento ao seu trabalho musical como cantor e compositor (excelente, por sinal). Quem estiver pelo Rio e redondezas pode conferir seu show no Espaço Multifoco (Av. Mem de Sá, Lapa, 126, Rio de Janeiro), a partir das 20h30. Os convites custam R$10 e o show conta com a participação de Elvis Marlon. Ótimo programa!
Desde Fafá de Belém e Walter Bandeira que o Pará não recebia tanta atenção da indústria fonográfica. Até que vi Gaby Amarantos pela primeira vez e confesso que achei tosco e não entendi o espaço cedido. Foi no Programa do Faustão, onde foi apresentada como a Beyoncé do Pará e mais outros adjetivos exagerados como só o Faustão sabe compor. Era uma época de tosqueiras como Stefhany, pensei que Gaby estivesse no mesmo saco e nem liguei.
Passado um tempo, Gaby ressurge como figura icônica do estado do Pará e toda a regionalidade concentrada. Trouxe à tona ritmos como o carimbó, o melody paraense e até mesmo deu visibilidade a grandes e pioneiros nomes, como o de Dona Onete (autora de Paixão Cabocla, meu orgasmo musical, hahaha). Definitivamente o Pará está num ótimo momento de visibilidade artística de modo geral e, musicalmente, Gaby vem à frente aglutinando influências externas e toda a sua brasilidade, que deixa de ser puramente regional quando abusa dos sintetizadores, faz lambada e música brega que nos remete ao nordeste.
A MTV tem papel importante na conquista de espaço, já que muito antes do CD sair divulgou clipes e convidou Gaby para participações em programas diversos e apresentações ao vivo, jogando-a para o gosto popular. A coroação de Gaby Amarantos, queira sim, queira não, veio com a inclusão de sua música na novela Cheias de Charme, Ex Mai Love. E não é pouca coisa, é música de abertura, vai tocar por 8 ou 9 meses seguidos na casa de milhões de pessoa, visibilidade maior impossível.
Todo esse bafafá gerou grande expectativa para o seu CD, que é como se fosse o primeiro para o grande público. Estimativa superada, ainda bem! Treme foi recém-lançado e está ótimo. Tem ritmos diversos, todos alegres e dançantes, música brega, deboche, romantismo e erotismo. É um álbum pra colocar no fim do churrasco com todo mundo bêbado e fazer fotos vergonhosas para a eternidade enquanto toca Merengue Latino ou então Mestiça.
Treme ainda traz a participação improvável de Fernanda Takai, na regravação de Pimenta Com Sal (da ótima Euterpe) e a regravação de Coração Está Em Pedaços, sucesso antigo de Zezé di Camargo & Luciano. Ainda há outras que estão longe de ser grandes músicas, mas ganham pela empolgação, como Galera da Laje. Vale muito a pena. Despretensioso e delicioso!
01. “Xirley”
02 “Ela Tá Beba Doida (Beba Doida)”
03. Ex Mai Love”
04. “Merengue Latino”
05. “Pimenta Com Sal (com Fernanda Takai)”
06. “Gemendo”
07. “Vem me Amar”
08. “Galera da Laje (com Maderito)”
09. “Ela Tá No Ar”
10. “Mestiça (com Dona Onete)”
11. “Coração Está Em Pedaços”
12. “Chuva”
13. “Eira”
14. “Faz o T”
EXTRA!
Um pouco mais de Dona Onete num vídeo sensacional e belíssimo gravado num terreiro de Encanteria (ou Xangô, ou Catimbó) lá pras bandas do Norte. É de arrepiar a força na voz.
A Música Popular Brasileira há muito já é indagada até que
ponto é popular, agora, creio que é hora de indagarmos até que ponto é
brasileira.
Na última década podemos notar um movimento de resgate da
cultura nacional através de artistas que surgiam no cenário musical e outros
tantos que já estão aí na estrada por mais tempo. Movimento especialmente
concentrado no Rio de Janeiro e, mais recentemente, na região Norte.
São Paulo é um caso a parte, por ser uma metrópole sempre
bebeu de muitas fontes externas, tornando difícil caracterizar seus frutos artísticos
como autóctones. Como exemplo, temos Thiago Pethit, Tiê e Mallu Magalhães, que
são artistas que cantam e compõem em outros idiomas e até veneram um estilo que
não é característico do nosso cenário cultural. Já no Rio de Janeiro, onde a música
brasileira sempre teve lugar cativo, algo vem mudando desde o último ano.
Na última década o samba voltou à tona, deixamos as influências
do nosso rock oitentista para trás e nomes como o de Roberta Sá, Teresa
Cristina, Casuarina, Diogo Nogueira e outros que mesmo não sendo sambistas,
beberam da fonte e se influenciaram. Vale lembrar que até mesmo Adriana
Calcanhotto, artista já consagrada há duas décadas, compôs e lançou um ótimo álbum
de samba, O Micróbio do Samba. Ana Carolina vez ou outra grava um samba, compõe
outro para alguém e daí por diante...
Contudo, não sei se numa tentativa de ser global ou por modismo,
os últimos lançamentos dos artistas de música brasileira nos trazem gravações em
outros idiomas. Isso não seria problema se estas se encaixassem nos seus
respectivos álbuns, algo que, em minha opinião, não acontece.
Creio que o caso mais evidente desse estrangeirismo está no
Mais Uma Página, aguardadíssimo CD de Maria Gadú. São três músicas em inglês/espanhol
que destoam do restante do álbum, não encaixam ali e são as piores do álbum,
fazendo um hiato no clima da coisa. Roberta Sá (Segunda Pele) e Mariana Aydar
(Cavaleiro Selvagem Aqui Te Sigo) também apresentaram gravações em língua
estrangeira e o problema é o mesmo supracitado. Não é por bairrismo, mas
realmente me soa artificial essa nova onda. Que não dure, amém.
Frango com ameixas retoma Marjane Satrapi e Vincent Paronnaud as telas de cinema (os mesmos idealizadores de Persépolis). Adaptação da HQ da própria Satrapi, vêm ganhando movimento no cinema. A história acontece em Teerã, no Irã, onde um renomado violonista decide morrer após sua esposa quebrar seu instrumento. Nos oito dias que antecedem sua morte diversos acontecimentos que esclarecem o rumo da história são mostrados.
Grandes cenas são marcadas pela fumaça dos cigarros em várias gerações. O nascimento, a morte, as decisões que marcam todas as ramificações das histórias são contadas de forma incrivelmente lúdica e tristonha. No desenrolar dos fatos tudo muda, os personagens e sua ideia quanto a eles próprios. Triste e totalmente arrebatador. Recomendo.
Desde que Alexandre Nero surgiu para o grande público, há alguns anos atrás numa novela global das 6 que eu já não lembro o nome, eu descobri o lado musical do ator. Mas a preguiça e a procrastinação me fizeram adiar conhecer o grande músico que o cara é. Recentemente, em uma entrevista para Marília Gabriela no GNT a minha curiosidade em conhecê-lo enquanto músico aumentou e enfim eu vi o quanto estava perdendo. O cara tem uma carreira musical muito lúcida e estruturada, e talento de verdade. Há uma semana descobri sua regravação de Não Aprendi Dizer Adeus, música da dupla Leandro e & Leonardo que eu ouvia em casa numa versão bem brega há muito tempo atrás. Não consigo mais parar de ouvir isso. É sensível, delicado, intenso e imperdível.
O ator acaba de lançar um CD sem grandes alardes e que pode ser encontrado em lojas e livrarias. Espero que a mídia deixe de preconceito com atores que também são cantores e valorizem esse lado tão talentoso de Alexandre Nero.
Previsto para ser lançado no começo de abril, Eu Raio X é o novo e quinto álbum de Isabella Taviani. Este trabalho trará 12 músicas inéditas, gravadas de forma independente entre novembro de 2011 e janeiro deste ano. O título do álbum vem da música de trabalho da vez, composta em parceria com a cantora mineira Myllena, revelada pelo Garagem do Faustão. Abaixo, o primeiro clipe de Eu Raio X, novíssimo:
Pelo que se vê até agora, Isabella parece trazer um trabalho sutil, com letras tocantes e melodiosas, reafirmando que deixou mesmo para trás os exageros do seu começo de carreira. Tá na medida, com vigor e está linda! Logo o álbum sai e aparece por aqui.
Depois de muitos boatos e zumzumzum, soube-se de maneira oficial que sim, Maria Bethânia vem aí com um novo trabalho, intitulado Oásis de Bethânia. O álbum tem previsão de lançamento dia 27/03, chegando às lojas logo no primeiro dia de abril, trazendo mais uma vez o selo da gravadora Biscoito Fino.
O trabalho conta com dez faixas onde, ao que parece até agora, Bethânia resgata o seu lado romântico e, por que não dizer, brega. Uma das surpresas que este CD guarda é um texto inédito recitado por Bethânia de sua própria autoria.
Ao que tudo indica, este trabalho está muito bem elaborado. Cada faixa conta um com um arranjador diferente, que teve a missão de elaborar um arranjo exclusivo para a canção. Entre os arranjadores convidados estão
Lenine, Hamilton de Holanda, Jorge Helder, Maurício Carrilho e André
Mehmari. Djavan toca violão em Vive.
O álbum já está em pré-venda no site da Saraiva e no Amazon é possível ouvir trechos das músicas.
Admito que fiquei bastante apreensiva com Adeus À Carne após ler algumas críticas de expectadores que o apontaram como hermético, denso, uma grande masturbação artística pro ego pro Melamed. As imagens da divulgação da peça já dava como pista ser bem ousado, nada convencional e simplesmente um deleite pros olhos.
Em todo o percurso até o Teatro Sesc Ginástico no Rio contorcia-me na expectativa. Com um preço totalmente acessível, bem localizado e divulgado nos grandes meios a casa estava lotada. Sentei bem próxima ao palco, podia ouvir a respiração deles, sentir tudo de forma mais acalorada. Passado os 80 minutos, levantei-me e fui embora meio desorientada, perplexa, foi perturbador.
Incrivelmente, deliciosa e totalmente mordaz de uma forma totalmente humana, errante, pulsante. Creio agora, passado alguns dias após ter visto a peça, ter sido apontada como hermética por muitos pela sua falta de convencionalismo, poucas falas e algumas cenas realmente soltas em relação ao contexto da sua própria peça. Contudo quem se propor a assistir Adeus À Carne não pode esperar nada menos impactante que o próprio Carnaval pode nos transmitir. Os conceitos como abre-alas, ala das baianas, das crianças, a velha guarda, mestre sala e porta-bandeira são apresentados de forma totalmente espantosa e usam nossas mazelas como base. Aponta diretamente os meios de comunicação televisiva de forma escrachada, zombando na cara de todos, as relações humanas e seus defeitos. Ousado em suas cenas: jogos com cordas, velas, caixão, carrinho de bebê, buquê de rosas à cora de flores. A iluminação cega nossas vistas e a sonoplastia é papel fundamental em todo o desenrolar. Recomendo.
Asa é uma cantora francesa (Paris, 1982) de origem nigeriana ainda pouco conhecida no Brasil, mas que aos poucos vem conquistando os ouvidos mais atentos. Quem me apresentou o seu trabalho foi o Clóvis, que já foi apresentado por aqui também.
A história de Asa (pronuncia-se Asha e significa "gavião" no idioma iorubá) começa em Lagos, na Nigéria,
onde ela encontrou em casa na extensa e eclética coleção de musica de
seu pai, clássicos do soul e de tradicionais músicas da Nigéria. Começando a cantar desde muito nova, Asa foi inspirada pelos sons e
mensagens de artistas como Marvin Gaye, Fela Kuti, Bob Marley, e Sunny
Ade Ebenezer Obey que serviram como influência quando mais tarde começou
a elaborar suas próprias canções.
Foi em Paris que ela encontrou seu estilo e formação musical sendo
influenciada por canções de seus contemporâneos musicais como ErikaBadu,
D'Angelo, Rafel Saadiq, Lauryn Hill e Angelique Kidjo.
Asa funde pop, R & B, world, funk, soul e reggae, em um álbum de estréia homônimo, onde ela canta em Inglês e Iorubá.
Apresentando percussão impecável, Beautiful Imperfection, o álbum tem
duas faixas que se destacam: Jailer uma música sobre "a ironia de
opressão, aquela que opera na vida cotidiana" e Fire In The Mountain. Há faixas que também conquista pelo swingue, como Be My Man. Uma curiosidade do álbum é que as faixas são assinadas por Bukola Elemide, o nome real de Asa.
Imediatamente ao lançamento do álbum Asa teve o reconhecimento
mundial e o começou uma longa turnê, incluindo Europa, América do Norte,
África e Japão. Asa também passou pelo Brasil no ano passado, se apresentando em agosto no Rio, durante o festival Back2Black.
Não só pela qualidade musical, Asa também chama atenção pelo estilo fashion, os clipes com fotografia impecável e enriquecidos com os conceitos que vogam pelo meio da moda e das artes em geral. Mais atual impossível. Em primeiro momento, seu estilo pode lembrar vagamente Amy Winehouse ou até mesmo Janelle Monáe, mas rapidamente a autenticidade da cantora se sobressai, junto do seu talento. Vale a pena, o álbum está disponível AQUI.
Beautiful Imperfection
1."Why Can’t We"
2."Maybe"
3."Be My Man"
4."Preacher Man"
5."Bimpé"
6."The Way I Feel"
7."OK OK"
8."Dreamer Girl"
9."Oré"
10."Baby Gone"
11."Broda Olé"
12."Questions"
13."Bamidelé (Digital Bonus Track)"
Há alguns anos atrás, os meus programas de TV preferidos eram os concurso musicais. Ídolos, Fama e até mesmo o classicão Raul Gil. Através desses programas conheci muitos ótimos artistas que, salvo raras exceções, não conseguiram espaço na grande mídia por carregarem pra sempre a cruz de calouros.
Na última versão brasileira de Ídolos que acompanhei (em 2009), transmitida pela Record, me chamou a atenção Diego Moraes, que é certamente uma dos mais talentosas do Brasil. O cara modula a voz de maneira sensacional, percorrendo notas com a maior facilidade do mundo. Claro que ele não ganhou, porque nesse tipo de programa, cabe o segundo lugar para quem é o melhor. Isso já tinha acontecido no Ídolos anteriormente, quando Shirley Carvalho perdeu pra fraquinha Thaeme Marioto. O diferencial dessa vez é que Diego assinou contrato com a gravadora EMI e lançou um CD e DVD com regravações preciosas e outras três canções inéditas. A parte ruim da coisa é que não houve divulgação e a TV aberta do Brasil, mesquinha que é, não convida artistas que surgiram em emissoras concorrentes.
Intitulado de Meus Ídolos, o trabalho foi lançado em maio de 2010. Diego percorre o repertório da MPB auxiliado por arranjos luxuosos e cheios de suingue, nos quais fica à vontade para brincar com a voz e mostrar porque não é nenhum exagero considerá-lo o cantor mais talentoso dessa geração. Destaque para a interpretação de Explode Coração, de fazer repensar se a de Bethânia é mesmo a melhor de todas. Vale a pena o deleite! Áudio do DVD disponível AQUI.
Meus Ídolos (2010)
1. Punk da Periferia 2. Ando Meio Desligado
3. Alô Alô Marciano
4. Lanterna dos Afogados
5. Canto de Ossanha
6. Muderno
7. Garçom
8. Lembrei
9. Uma Canção Só (Pra Você)
10. Meu Erro
11. Negro Gato
12. Pagu
13. Talismã sem Par
14. Atrás da Porta
15. Explode Coração
16. As Rosas Não Falam
17. Partido Alto
18. Como uma Onda
19. Créditos (Como uma Onda)
O quinto CD de Roberta Sá afasta-se um pouco dos grandes sambas e prova um sabor mais regional em relação a sua própria origem. Apesar de buscar novos sabores o samba ainda se mantem presente como na faixa O nêgo e eu, com cores de carnaval, marchinhas clássicas. Parceria com Pedro Luís, mesclas inovadoras com a Orquestra Criôla de Humberto Araújo com arranjos ousados em relação aos seus CD's anteriores da própria Roberta. Tem ainda um dueto internacional,inédito com Jorge Drexler em “Esquirlas”, cantando em espanhol.
Desenrolar de um CD maduro, sensual, carnal de forma de harmônica, desmembrando de certa forma essa imagem de cantora um pouco recatada, fria e perfeccionista em certo ponto em suas apresentações. O CD por completo, mesmo as faixas mais intimistas, remetem a um grande carnaval, humano, carnal, quente. Recomendo! Está disponível AQUI.
Em breve a cantora CéU lançará o seu novo álbum, Caravana Sereia Bloom. Enquanto esperemos, o ótimo clipe de Retrovisor, uma das canções do disco. Destaque para a fotografia de Ivo Lopes Araújo, belíssima.
"É só isso que eu sei. Que, no dia 11 de abril de 1983, nasceu-me um filho, e não senti nada. Mais uma vez, a verdade é sempre maior do que compreendemos. Quando aquele bebê se contorceu em meu seio, do qual se afastou com tamanho desagrado, eu retribuí a rejeição — talvez ele fosse quinze vezes menor do que eu, mas, naquele momento, isso me pareceu justo. Desde então, lutamos um com o outro, com uma ferocidade tão implacável que chego quase a admirá-la. Mas deve ser possível granjear devoção quando se testa um antagonismo até o último limite, fazer as pessoas se aproximarem mais pelo próprio ato de empurrá-las para longe. Porque, depois de quase dezoito anos, faltando apenas três dias, posso finalmente anunciar que estou exausta demais e confusa demais e sozinha demais para continuar brigando, e, nem que seja por desespero, ou até por preguiça, eu amo meu filho. Ele tem mais cinco anos sombrios para cumprir numa penitenciária de adultos, e não posso botar minha mão no fogo pelo que sairá de lá no final. Mas, enquanto isso, tenho um segundo quarto em meu apartamento funcional. A colcha é lisa. Há um exemplar de Robin Hood na estante. E os lençóis estão limpos."
Página 372 - Precisamos falar sobre o Kevin
Inicialmente vi o filme, ótima adaptação. Toda a trama sob a ótica da mãe do assassino, desde seu nascimento até o dia do massacre. Tilda Swinton com sua feição ossuda, metálica, magra caí como uma luva para o papel. O filme inteiro se molda nessa relação mãe/filho e como isso talvez reflita em seus atos sem resposta lógica. As cenas não estão em forma cronológica usual dando dinamismo aos seus 110 minutos de filme. O filme incomoda, a raiva incontida sem razão usual, as tentativas de amor frustrado. Único ponto que após ler o livro percebi que fez muita falta no filme foi a conversa final onde ele devolve o olho da irmã e mostra-se cansado e verdadeiramente com medo de ir pra prisão após a maioridade.
Demorei mais tempo do que o realmente necessário pra ler o livro por completo. Ele é verdadeiramente incômodo, faz nascer tantas perguntas que passam pra vida de quem os lê: meus atos podem ser resposta dos sentimentos maternais? Raiva incontida, receios, questões mal resolvidas. Um tanto de sentimentos, de perguntas, de medos. Observar os olhos da mãe de um assassino de dezesseis anos e provar da crueza do seus dias que até então eram confortáveis.
Um excelente filme, livro mordaz e necessário. Recomendo.
Madeinusa (Peru/Espanha, 2006) é o primeiro longa-metragem dirigido pela peruana Claudia Llosa, que em 2009 ganhou o Urso de Ouro no Festival de Berlim pelo seu segundo filme, La Teta Asustada. Um ponto em comum nos dois filmes é a presença da atriz Magaly Soler que no primeiro filme interpreta Madeinusa de maneira admirável, com muita expressividade, conferindo um realismo à personagem que nos leva a esquecer que estamos vendo ali uma atriz com seu papel e não uma personagem autêntico e real.
O filme narra alguns dias de um imaginário vilarejo peruano, denominado Manayaycuna, e localizado entre as remotas montanhas da Cordilheira Branca, onde ocorreria o Tempo Santo, período que vai da Sexta-Feira Santa ao Domingo de Páscoa. Neste hipotético povoado, vivem Madeinusa, sua irmã Chale (Yiliana Chong) e seu pai, então prefeito da cidade, Cayo Machuca (Juan Ubaldo Huamán). A chegada de Salvador (Carlos J. de la Torre), que percorre um longo caminho de Lima até localidade, é a chance que Madeinusa encontra para partir para a capital, seguindo os passos da mãe que abandonara as filhas com o pai.
O filme pontua a diferença entre o arcaico e o urbano, pagão e religioso, mostrando-nos o cotidiano exótico do vilarejo. É um filme caracterizado pelo etnocentrismo, assim como o ótimo filme brasileiro A Festa da Menina Morta (2008). Os costumes típicos e exóticos se revelam durante as festividades do Tempo Santo, onde, segundo as tradições locais, tudo está permitido, uma vez que Jesus está morto e não pode ver os pecados do mundo. A trama se desenrola sobre esse pretexto, encantando na fotografia e surpreendendo no roteiro. Este é um filme cheio de silêncios, para ver e digerir por alguns dias. O final é um tanto atordoante, surpreendente e faz do filme imperdível! Disponível AQUI ou AQUI.
Depois de um longo e tenebroso inverno, Ana Carolina acerta a mão no seu novo trabalho, Ensaio de Cores. Eu nem estava sabendo desse CD, confesso ter me desligado do trabalho da Ana desde a decepção com seus últimos álbuns. Não sei se o Estampado era muito bom ou se o Dois Quartos e o N9ve que eram ruinzinhos demais, só sei que Ensaio de Cores está gostoso, viril e delicado, tem o vigor de Ana Carolina como na época dos cabelos vermelhos.
Com uma banda formada só por mulheres, Ensaio de Cores é a musicalização das telas que Ana pinta despretensiosamente há alguns anos. O projeto começou como um show apresentado no Rio e em São Paulo, depois veio uma exposição com toda renda revertida a uma instituição beneficente e agora este CD ao vivo que felizmente nos traz Ana Carolina de volta.
O álbum é composto por 16 faixas, sendo 5 delas inéditas, que vão de baladas pop, balada romântica que flerta com o sertanejo universitário até um pancadão carioca dos bons. Dentre as inéditas, está Problemas, que faz parte da trilha sonora de Fina Estampa e é executada com bastante frequência. Dentre as regravações, temos Caetano, Lenine, Djavan, Chico César e Leandro & Leonardo é um álbum recheado de influências, mas simples, longe das grandes produções dos últimos discos. Destaque para a percussão da Lan Lan, que é foda e mostra um encaixe muito bom com Ana Carolina e suas músicas. É pra ouvir com o volume alto.
Ensaio de Cores | Ao Vivo (2011):
01 Rai Das Cores
02 As Telas E Elas
03 Alguém Me Disse
04 Você Não Sabe
05 Carvão
06 Todas Elas Juntas Num Só Ser
07 Azul
08 O Violão
09 Feriado / O Amor É Um Rock / Entre
10 Tapas E Beijos
11 Pra Tomar três
12 Simplesmente Aconteceu
13 Claridade / Só Fala Em Mim / Pra Rua
14 Força Estranha
15 Stereo
16 Problemas
Alcione está comemorando os seus 40 anos de carreira e como forma de comemoração, recentemente lançou um DVD com vários convidados. Alguns são companheiros da antiga cena noturna carioca, como Emílio Santiago, Áurea Martins e Djavan, outros são grandes amigos, como Maria Bethânia. Bethânia foi escolhida para cantar Sem Mais Adeus, composição de Francis Hime e Vinicius. Duas gigantes da música brasileira num registro imperdível: