O Blog:

Não importa se fútil ou cult, aqui tem o que agrada, desperta curiosidade, riso e coisas assim. Sem rótulo e sem pudor, seja fult com a gente!

quinta-feira, 6 de maio de 2010

Entrevista com Bruna Caram


Tempos atrás comecei a escutar um albúm de uma cantora ,até então desconhecida para mim, chamada Bruna Caram. Ouvi uma, ouvi duas e na terceira percebi que aquilo me encantava de uma forma diferente. Quando tocou Um blues não consegui mais parar de ouvir (e olha que essa nem é a música "de trabalho"). Joguei no google, ví clipes (maravilhosos diga-se de passagem), li entrevistas, depoimentos sobre ela, li um pouco da sua vida tão diversificada, tão aberta pra cultura em geral e tão aberta pros seus admiradores. Encontrei seu blog, onde conta sua vida, sua carreira, suas grandezes e miudezas de uma forma tão simples, tão gente de verdade. Aí (abusada mais uma vez) dei a cara a tapa e tentei uma entrevista, e não é que deu certo mais uma vez. Bem, agradeço a Bruna que desde o comecinho foi um doce de pessoa comigo sem nem ao menos me conhecer e a sua produção a Ana Paula Aschenbach, que também foi super atenciosa e atendeu o pedido da entrevista de forma super profissional sem deixar de ser agradável.
Espero que gostem e que seja prazeroso ler como foi pra mim fazer essa entrevista.

Entrevista

01- A música te acompanha desde o berço, com seus familiares, ocupa o ar da sua cidade natal (Avaré - SP), começou a carreira bem cedo e já com 19 anos lança seu primeiro Cd (Essa menina). Quase formada em Educação Musical pela UNESP. A voz e a biografia da Elis Regina mudou sua vida. Em qual ponto ou fato percebeu que a música era fundamental e inseparável da sua vida pessoal e profissional?

(Bruna Caram) - Acho que são duas coisas diferentes. Na minha vida pessoal, a música sempre foi fundamental. Em casa e na minha família, a maneira de a gente estar junto sempre foi cantando e tocando, todos os meus tios e primos estudaram piano e cantam bem, minha mãe foi professora de piano quando eu era menina, e meu avô paterno sempre fez memoráveis rodas de choro no quintal de casa, com os melhores músicos dessa área, e eu sempre os assisti, até o dia que resolvi me meter na roda e começar a cantar. Agora, quanto a ser cantora, é diferente. Resolver ser artista de fato é uma coisa séria, e uma responsabilidade. Basta pensar nos artistas que marcaram sua vida: eles mudaram seu jeito de pensar, de sentir, de ver as coisas, marcaram sua história, fizeram você sair de casa só para ouvi-los. Foi quando eu era adolescente, com uns 14 anos, que percebi, ao começar a estudar canto, que podia fazer algo para mu dar o que existisse ao redor. Minha professora na época, a Lucila Novaes, chorava na aula enquanto eu cantava. Foi quem me abriu os olhos, pensei: Aí tem coisa...


02 - Seu primeiro album foi lançado até no Japão. Apesar de ser seu primeiro trabalho teve uma boa repercussão. Qual foi sua reação ou espectativa com esse trabalho e qual foi o lugar mais inusitado ou inesperado que sua música alcançou?

(Bruna Caram) - Acho que o lugar mais inusitado foi o próprio Japão! (Risos) Que eu saiba, claro. Porque a música, ainda mais hoje, tem disso: voa e voa e vai pra cada lugar que a gente nem imagina... Isso é que é bonito. Não tive o privilégio de cantar no Japão, mas aqui no Brasil já vieram japoneses me assistir cantar por causa do sucesso lá. É inacreditável.


03 - Seu primeiro album tem como compositor principal Otávio Toledo, já o segundo tem uma grande mistura com nomes conhecidos (Lô Borges, Caetano Veloso,Guilherme Arantes) e nomes mais recentes ou não tão conhecidos (Pedro Altério,Dani Black).Você acredita que gravações de nomes mais conhecidos envolvem alguma tática comercial para maior aceitação do CD no mercado fonográfico? Qual sua pretensão pra um terceiro album?

(Bruna Caram) - No meu caso, de jeito nenhum. Nunca pensei em gravar o que ia vender mais fácil. Pensei, sim, em gravar o que as pessoas estão sentindo falta de ouvir. E eu acho que a novidade está mais em falta do que a repetição de sucessos que já foram. Por isso, das 25 músicas que já gravei, apenas 3 são de compositores conhecidos, e todas em versões bastante diferentes das originais. Como sou essencialmente intérprete, gosto de cantar os grandes nomes, mas gosto mais ainda de descobrir novos. Gosto dessa relação com o compositor, de vir em casa, de mostrar, que retocar, de deixar, de dar a música para você gravar. Isso é lindo. Agora, quanto ao terceiro álbum, não posso dizer nada, nem estou pensando nele ainda...

04 - O cenário musical independente tem crescido e sendo respeitado cada vez mais. Artistas enfrentam essa selva e merecem com louvor o lugar alcançado. Como você tem se mesclado com esse grupo e quais nomes pode nos indicar?

(Bruna Caram) - Tenho uma convivência muito grande com vários desses novos artistas que são apontados - inclusive dentre os compositores que gravei estão grandes amigos. Pedro Altério, Pedro Viáfora, Dani Black, Caê Rolfsen, Janaína Pereira (vocalista da banda de forró Bicho de Pé), os meninos do grupo Cinco a Seco, a Trupe Chá de Boldo, o Pitanga em Pé de Amora (do qual participei nos primeiros anos), esses paulistanos são meus irmãos e referências que posso indicar sem medo.

05- Bem, somos curiosos e queremos saber qual o significado dessa tattoo que você tem perto da nuca (e sim, temos 15 minutos pra escutar rs).

(Bruna Caram) - Hahahahahahaa!!!!! Já sabem de tudo!!! Vai lá: esta é uma margarida que desenhei simbolizando minha avó materna, Maria Margarida (que foi cantora de rádio na década de 50), e toda a minha família materna: a margarida tem oito pétalas - minha avó tem oito filhos -, de cada pétala sai uma nova pétala com pequenos pontinhos - que são os filhos que cada filho teve. Além disso, a margarida foi tatuada vista de cima, como que plantada no sangue, e o centro dela, o pólen, o círculo, simboliza meu avô, o centro seguro da família... Isso quer dizer que uns 25 primos, todos os meus tios, eu, meus irmãos, minha mãe e meus avós estão todos tatuados na minha nuca! (Risos) Estão até faltando uns pontinhos, pois mais primos nasceram.. Mas ao lado das pétalas da margarida tem um sinal de crescendo, indicando que essa família continua ascendendo...


06- Sabemos que você mistura todo tipo de arte na sua carreira(música,literatura, dança, teatro), qual tipo de ramificação artística você quer ou pretende se aprofundar mais por agora? E qual delas te auxilia mais namúsica?

(Bruna Caram) - Eu quero a variedade!!! O centro, evidentemente, é a música, e acho que sempre será. Continuo estudando canto, gostaria de voltar a estudar piano, tenho pego ultimamente o cavaquinho, quero lembrar o violão, o pandeiro... Mas tem também o teatro, que estudo, a dança (sapateado e balé clássico, a paixão da minha vida), a literatura... No meu show piano-e-voz, um trabalho paralelo e novo que venho fazendo, já tem textos declamados, trazendo o teatro e literatura para o palco juntos, o que é um antigo sonho meu. Pretendo declamar cada vez mais!


07 - Gostaria de fazer um dueto com qual ícone musical?

(Bruna Caram) - Tantos... Lenine, Milton, Zélia, Gil, Chico, Ney, Stevie wonder (hahahaha)...


08 - Em qual projeto está envolvida nesses últimos tempos e quais lugares pretende cantar?

(Bruna Caram) - Estou de corpo e alma no meu Feriado Pessoal e neste novo show piano e voz, que vem trazendo a possibilidade de, de fato, podermos tocar em qualquer lugar, em qualquer formato. Um é intimista, outro é extravasado, um é para poucas pessoas, outro pode ser para milhares, um tem estrutura enorme com cenário e produção, outro é mais simples. Agora temos show pra dar e vender! Quero esse ano levar meu trabalho pessoalmente para o Nordeste, coisa que nunca consegui fazer, e viajar muito pelo Brasil.


09 - Até que ponto suas criações sonoras são profissionais e quando elas passam essa barreira e se tornam autobiográficas?


(Bruna Caram) - O profissional não descarta o pessoal. Cada música que cantei ou canto, no palco ou em casa, é autobiográfica! Ser artista é deixar a alma exposta ao público, não ter vergonha nenhuma. Quando gargalho ou choro no palco, o que acontece sempre, é tudo verdade, não é "profissional", nem é apenas treinado. O treino, assim como a direção cênica (assinada pela Cris Ferri), são coisas feitas para tornar o show mais espontâneo, não mais duro ou estático. Meu treino é para obter o maior número de ferramentas possível na hora H, para mostrar a verdade, ainda que a áurea seja de fantasia. O que vem para o meu repertório são coisas que vivi. O apuro é profissional, mas a essência é autobiográfica.


Entrevista por DIANA.



http://www.brunacaram.com.br/
http://www.brunacaram.com.br/blog/
http://www.myspace.com/brunacaram
http://twitter.com/brunacaram
http://www.lastfm.com.br/music/Bruna+Caram

Agradecemos e muito a Bruna pela gentileza e disponibilidade em conceder a entrevista e pela simpatia. Mas acima de tudo, agradecemos por compartilhar com todo mundo o talento encantador!

2 comentários:

Ricardo Augusto disse...

Gostei da sua entrevista com a Bruna. Eu já a acompanho faz três anos. Seu sucesso com Palavras do Coração foi tanto que pessoas que gostam de outros gêneros musicais admiraram muito a música e é claro a cantora, falo isso por depoimentos que ouvi. Ela, Bruna, é uma cantora que consegue tocar a alma com as belas letras que canta. Essas letras são simplesmente lindas. Otávio Toledo cria letras explêndidas! Ouça e entenda as expressões que ele denota em cada frase, e mais, com a voz da Bruna tudo ganha vida e sensibilidade, é uma coisa que poucos podem aglutinar nessa arte. Ela cresceu em meio a música e música é para ela. Nunca, falo nunca, ouvi alguém que cantasse com tanta vida e verdade. Ela estuda tanto que quer passar o melhor dela a nós. E isso se percebe em cada show. Já fui em dois shows dela. Nos dois falei com ela. Ela recebe os seus admiradores com o maior amor e carinho. Estou com ela na questão de ficar gravando só sucessos. Nós não precisamos disso, precisamos de letras e melodias novas! Eu nunca tinha ouvido músicas tão bem estruturadas como essas. Quando eu ouvi Um Blues, como você mesmo disse, gostei de imediato. Fui ver o clipe da música e a mensagem da letra ela passava com fidedignidade tremenda. Sensação e Um Momento são as que eu mais gosto. Fundo Falso é mais agitada, falo que dá para dançar. Feriado Pessoal, composição dela, emplaca direitinho na descriçao de homens que não tem assunto para manter um relacionamento e por conseguinte recebe um pé na bunda. Agradeço a você Diane por conseguir a resposta sobre a tattoo dela. Bom, agora já sei, rsrsrs. Vai ter show dela agora no dia 23 de maio. Não há porque perder! Até mais! Continue com sua entrevistas, são muito boas.

Anônimo disse...

Gente, vcs estão de parabéns com o Blog. Estou adorando as entrevistas que vcs tem feito! A Bruna é maravilhosa, conheço há pouco... graças à Diana (para variar rs) Essa entrevista está perfeita, amei! (byIssa)