A MPB sempre
viveu de safras e hiatos, alguns grandes, outros nem tanto. Lá no começo da
década de 90 e durante toda sua duração, a grande mídia passou a cria uma tal
de “nova MPB”, incluindo grandes nomes femininos que surgia na música nacional.
Marisa Monte, Adriana Calconhotto, Ana Carolina e tentaram até mesmo incluir
Cássia Eller nesse jogo aí, mas eu não vou jogar a maior rockeira do país nesse
meio aí.
Além, ainda
tivemos as cantoras de um só sucesso, que apesar de promissoras, logo caíram no
esquecimento. Deborah Blando, Patrícia Marx e mais algumas outras que incluídas
em trilhas de novela experimentaram um sucesso vindo tão rápido quanto o
posterior ostracismo.
Já nos anos
2000, posso lembrar de Vanessa da Mata e seu surgimento para as massas. Ótima
compositora, sempre foi uma cantora superestimada, fato que se comprova por
doloridas desafinações em apresentações ao vivo. Teve também o surgimento de
Maria Rita, meu amor platônico, que apareceu somente como filha da Elis Regina
e nada mais.
Particularidades
à parte, todas criaram clássicos instantâneos, foram ovacionadas pelo público e
ganharam uma espécie de altar por parte da grande mídia. Merecidamente? Talvez.
Adriana Calcanhotto, dentre as citadas, talvez seja a que menos aparece na TV e
a que guiou sua carreira de maneira mais brilhante. Calcanhotto não teve medo e
não quis viver à sombra de “Vambora”, reinventou-se em Partimpim, voltou aos
seus ritmos habituais com maestria e mais uma vez se reinventou com seu ótimo O
Micróbio do Samba.
Ana Carolina, a quem já dediquei um texto específico aqui no blog, está apagada desde sua
parceria com Seu Jorge. Dois Quartos, seu álbum solo após parceria com Seu
Jorge, viveu mais pelas suas polêmicas que pelo que apresentava musicalmente.
N9ve é chatinho, cansativo e burocrático, não lembra em nada a velha Ana
Carolina cheia de vigor.
Vanessa da Mata
ainda anda cheia de suas altos e baixos, ora com excelentes canções, ora com
alguma bobeirinha radiofônica que nos empurram goela abaixo meses seguidos.
Vanessa talvez seja a rainha do remix, invade as pistas de dança mesmo falando
ai ai ai ai ai ai ai trocentas vezes seguidas. Eu gosto dela, queria ter
escrito algumas de suas canções e a acho com uma energia ímpar, mas ainda é uma
cantora de álbuns irregulares, sem um padrão de qualidade.
Maria Rita, após
dois álbuns plurais quanto a ritmos e estilos, se encontrou no samba e
finalmente parece ter exorcizado de vez a sombra de Elis a sempre a perseguiu.
Maria Rita é uma grande cantora, versátil musicalmente, mas pouco ousada
enquanto artista. Tecnicamente é irrepreensível, o carisma admirável, mas leva
a carreira com pouca dinâmica, passa anos sem lançar nada.
Por último
chegamos a Marisa Monte, uma espécie de bibelô dessa tal “Nova MPB”. Eu gosto
de Marisa Monte e claro que muitas de suas músicas fazem parte da vida, de
fases e relacionamentos. Acho que quem nunca cantou “Não Vá Embora” com sorriso
aberto não sabe o que uma paixão, e quem nunca se contorceu com os versos de
“Bem Que Se Quis” é porque não prestou atenção na lascividade da letra.
Cheia dos
projetos profissionais e pessoas, vezenquando Marisa some, mas sempre que
ressurge fazem festa e batem palma. Em seu último “ressurgimento” Marisa chegou
cantando uma música de matar qualquer diabético por tanto açúcar e qualquer
letrista pela falta de rima e métrica na música. “Não É Proibido” tocou exaustivamente. Chego a
cogitar alguma parceria dela com os laboratórios produtores de insulina...
Jujuba, bananada, pipoca,
Cocada, queijadinha, sorvete,
Chiclete, sundae de chocolate,
Uh!
Paçoca, mariola, quindim,
Frumelo, doce de abóbora com coco,
Bala juquinha, algodão doce e manjar.
Uh!
Depois de outro
sumiço, agora volta Marisa Monte com Ainda Bem. Comecei já estranhando o
título, por ser o mesmo de uma canção da Vanessa da Mata, mas tudo bem, vamos
lá ouvir o que essa grande voz tem pra nos mostrar e gente! Que coisinha chata.
A música é pobre, ganhou um clipe pobre e não empolga nem se ouvir depois de
tomar umas tequilas. Não é ruim, mas é pobre. Uma coisinha morna que vai ter
gente falando que é singela, esquecendo-se da linha sutil entre o simples e o
simplista. Mais uma parceria de Marisa com Arnaldo Antunes, tem umas rimazinhas
e um “na na na na na” típico de Jota Quest.
Alguém duvida
que vamos ouvir muito essa música? Vai tocar, claro que vai, e o nome disso é
inve$timento. Aparece só quem tem, e as fórmulas são as mesmas sempre. Anderson Silva, celebridade onipresente do momento, participa do clipe para deixar deixar claro o apelo da visibilidade. Som
Livre, Sony-BMG e Universal dominam os meios de comunicação em massa.
Enquanto a TV
insiste a mostrar as santas do altar, tem uma galera profana fazendo bonito
longe dos holofotes. Gente de talento que não precisa viver de memória e mantém
viva e rica a música do Brasil. Salve a música impopular brasileira!