Provavelmente todo mundo já viu Gero Camilo em algum filme, seja encarnando o doidinho simpático de Bicho de Sete Cabeças ou como o Sem Chance, par romântico de Rodrigo Santoro no filme Carandiru. Embora estigmatizado para o grande público, Gero Camilo é um ator versátil, com carreira admiradíssima no teatro, tanto como ator quanto como escritor.
Se pouca gente sabe do talento de Gero para compor roteiros, menos pessoas sabem ainda que ele é um grande poeta. Tive contado com a poesia dele através de Astrolábios, interpretada pelo cantor Rubi, já apresentado aqui no Varal Fult. Mais recentemente, tive a felicíssima oportunidade de conhecer o lado cantor de Gero Camilo, através do seu álbum Canções de Invento (2008).
É um álbum sensacional! Diferente, empolgante e com capacidade de te tocar de um modo muito especial. Não é introspectivo, pelo contrário, é animador, com fôlego. Vindo de um artista com tantas facetas, o álbum só poderia ser múltiplo como é. Tem samba, tem MPB, tem coisa que você não sabe o que é. Arranjos e letras de qualidade, sem a chatice de seguir normas e fórmulas.
Despretensioso, o álbum consegue ser surpreendente pela regularidade. Não tem música mais ou menos. Cada um está ali por merecimento, tem conteúdo, provoca a mente a pensar ou o corpo a se mexer. Está mais do que indicado, todo mundo deve experimentar essas sensações!
Destaque para Vai Desabar, que fecha o disco num clímax delicioso. Ficou com vontade de ouvir também? É só clicar AQUI.
O Blog:
Não importa se fútil ou cult, aqui tem o que agrada, desperta curiosidade, riso e coisas assim. Sem rótulo e sem pudor, seja fult com a gente!
quarta-feira, 29 de setembro de 2010
A grande descoberta!
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quarta-feira, 22 de setembro de 2010
O folk autóctone
Não sei precisar há quanto tempo Renata Rosa passou a fazer parte da minha playlist, mas sei que de lá pra cá nunca mais consegui me esquecer dessa voz cristalina e imponente.
Nascida em São Paulo em 1973, além de cantora é atriz, pesquisadora, compositora e poetisa. Sua obra está intimamente ligada com a cultura da Zona da Mata Pernambucana, aglutinando de maneira muito ímpar e brilhante elementos do coco, dos xangôs, das cirandas, da música índigena e também ibérica. O resultado é música brasileira simples e da melhor qualidade.
Sua discografia é composta por dois CD's: Zunido da Mata (2002) e Manto dos Sonhos (2008), ambos regionalistas sem deixarem de ser multiculturais, tendo o som da rebeca como acompanhamento para a maioria das faixas, tocada pela própria Renata.
Desde 2003 já se apresentou quase 200 vezes pela Europa e Estados Unidos, conquistando prestígio e prêmios importantíssimos, como o Choc de l' Année 2004 (Le Monde de la Musique), prêmio máximo da crítica francesa.
Em Manto dos Sonhos encontramos a artista naturalmente mais madura, mas mantendo suas influências e reafirmando sua alma nordestina. Neste segundo trabalho encontramos canções mais melodiosas, com lirismo mais acentuado, como em Morena.
São CDs que revelam um Brasil muito particular e encantador, que todos deveriam conhecer e decifrar, pois são da nossa raiz, elementos formadores da nossa identidade cultural. É um batuque do bom, imperdível!
Experimente aqui: Zunido da Mata (2002) e Manto dos Sonhos (2008)
Acesse também: Site Oficial e MySpace.
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sexta-feira, 17 de setembro de 2010
VMB
O VMB terminou agora e é tanta emoção que eu nem sei por onde começar. Restart ganhou quase todos os prêmios da noite! Família Restart sempre unida, levanta a mão e faz o coraçãozinho! \o/ --> s2 Como se não bastasse todas essas alegrias, Valeska Popozuda encerrou a premiação junto do Gaiola das Cabeçudas. É um êxtase tão grande que fiz um poema concreto pós-moderno em homenagem a ela. Confirão, ok!?
Waleska
ou
Valeska
Vales
Ska
Sky
KY.
quinta-feira, 16 de setembro de 2010
quarta-feira, 8 de setembro de 2010
A Festa da Menina Morta (2008)
Há algum tempo já eu e a Diana vínhamos pensando em escrever juntos sobre esse filme tão singular, mas acabávamos adiando, até que essa semana esse texto a quatro mãos tomou vida. Bora lá então!O filme nasceu com uma expectativa enorme por o Matheus Nachtergaele ser o diretor, seu primeiro longa-metragem. Diferente do entediante Feliz Natal, estréia de Selton Melo como diretor, A Festa da Menina Morta empolga e faz-nos criar expectativas no que ainda estar por vir.
Com roteiro de Matheus e Hilton Lacerda, o filme retrata a vida de uma população ribeirinha do alto Amazonas, onde há vinte anos o menino Santinho (Daniel de Oliveira) recebeu em suas mãos, da boca de um cachorro, os trapos do vestido de uma menina desaparecida. Ela jamais foi encontrada. O vestido virou coisa sagrada. Desde então se celebra a tal a Festa da Menina Morta, quando, no ápice da festa cerimonial, a menina manifesta por meio de Santinho, as revelações para o ano que virá.
A figura afetada do Santinho, cheio de vontades e que se afoga no próprio ego dá sustentação para todo povo da cidade e região. Gente pouco instruída, mas com muita fé, por ser a fé o bem maior que possuem. A mesma cidade que se ajoelha e beija os pés do Santinho, pede graças, faz do dia da Festa da Menina Morta um evento onde a essência religiosa é perdida e entra os costumes pagãos, como a barraquinha de churrasco com cerveja e cachaça, a dança e a diversão.
Este é um filme de grandes interpretações, com destaque especial para Daniel Oliveira, supracitado, e o pouco conhecido Juliano Cazarré (Tadeu), que dá vida a um dos personagens mais dramáticos e complexos da história, o irmão da menina morta, que sofre com o drama de perdê-la e ver um circo armado em torno da fatalidade.
De modo até mesmo um pouco cruel, o roteiro nos mostra como é fácil a mitificação de um ato banal, onde um povo que vive numa terra remota e esquecida pelos seus compatriotas e quem sabe até por Deus. Um povo de tantas carências encontra força na fé, por mais absurda que essa fé possa parecer aos olhos estrangeiros. Portanto, este não é um filme sobre ocultismo ou sobre cultura popular, é um filme sobre comportamento, construção de identidade social. As cenas são arrastadas, por a vida lá ser assim. A câmera foca cenas numa tentativa de compreensão.Alguns dizem que é um filme arrastado, entediante, frustrante e em certos pontos com cenas desnecessárias e grotescas. Creio que as pessoas lançaram o mesmo olhar frio que o filme lança pra pessoas que o assistem. Não há como querer assistir A festa da Menina Morta e querer sair ileso ou encontrar uma história regionalista bonitinha e nada mais. Por vezes, há um exagero sim, mas é bonito de se ver, perturbador, dúbio, provocante, humilde e imperdível!
Mais motivos pra ver A Festa da Menina Morta:
- A interpretação da Cássia Kiss é excelente. Ela não precisa de falas, de grandes cenas, de nada. Ela dialoga com os olhos e isso basta. A cena na qual ela canta Io Che Amo Aolo Te é deslumbrante. Ela só precisou da própria voz, a luz certa, água pra lavar os cabelos e aqueles olhos que dizem tudo. Mas não só por ela, é admirável e comovente ver um elenco inteiro entregue aos seus personagens doentes barrocos, absurdamente humanos;
- Daniel de Oliveira que se propõe a um personagem que segura toda a história e faz do enredo algo ímpar. Há entrega total, um ator sem vaidade, a serviço de sua arte. Faz de Santinho alguém real, palpável, asqueroso e ao mesmo tempo cativante;
- É desagradável, tem cenas que incomodam, tem o tempo que faz contorcer na cadeira. A intenção é incomodar, te fazer ficar 3 dias depois ainda pensando no filme;
- A fotografia de Lula Carvalho é um deleite à parte. Lembra a estética de Amarelo Manga e Baixio das Bestas, do cineasta Cláudio Assis, ídolo declarado de Matheus Nachtergaele.
Com roteiro de Matheus e Hilton Lacerda, o filme retrata a vida de uma população ribeirinha do alto Amazonas, onde há vinte anos o menino Santinho (Daniel de Oliveira) recebeu em suas mãos, da boca de um cachorro, os trapos do vestido de uma menina desaparecida. Ela jamais foi encontrada. O vestido virou coisa sagrada. Desde então se celebra a tal a Festa da Menina Morta, quando, no ápice da festa cerimonial, a menina manifesta por meio de Santinho, as revelações para o ano que virá.
A figura afetada do Santinho, cheio de vontades e que se afoga no próprio ego dá sustentação para todo povo da cidade e região. Gente pouco instruída, mas com muita fé, por ser a fé o bem maior que possuem. A mesma cidade que se ajoelha e beija os pés do Santinho, pede graças, faz do dia da Festa da Menina Morta um evento onde a essência religiosa é perdida e entra os costumes pagãos, como a barraquinha de churrasco com cerveja e cachaça, a dança e a diversão.
Este é um filme de grandes interpretações, com destaque especial para Daniel Oliveira, supracitado, e o pouco conhecido Juliano Cazarré (Tadeu), que dá vida a um dos personagens mais dramáticos e complexos da história, o irmão da menina morta, que sofre com o drama de perdê-la e ver um circo armado em torno da fatalidade.
De modo até mesmo um pouco cruel, o roteiro nos mostra como é fácil a mitificação de um ato banal, onde um povo que vive numa terra remota e esquecida pelos seus compatriotas e quem sabe até por Deus. Um povo de tantas carências encontra força na fé, por mais absurda que essa fé possa parecer aos olhos estrangeiros. Portanto, este não é um filme sobre ocultismo ou sobre cultura popular, é um filme sobre comportamento, construção de identidade social. As cenas são arrastadas, por a vida lá ser assim. A câmera foca cenas numa tentativa de compreensão.Alguns dizem que é um filme arrastado, entediante, frustrante e em certos pontos com cenas desnecessárias e grotescas. Creio que as pessoas lançaram o mesmo olhar frio que o filme lança pra pessoas que o assistem. Não há como querer assistir A festa da Menina Morta e querer sair ileso ou encontrar uma história regionalista bonitinha e nada mais. Por vezes, há um exagero sim, mas é bonito de se ver, perturbador, dúbio, provocante, humilde e imperdível!
Mais motivos pra ver A Festa da Menina Morta:
- A interpretação da Cássia Kiss é excelente. Ela não precisa de falas, de grandes cenas, de nada. Ela dialoga com os olhos e isso basta. A cena na qual ela canta Io Che Amo Aolo Te é deslumbrante. Ela só precisou da própria voz, a luz certa, água pra lavar os cabelos e aqueles olhos que dizem tudo. Mas não só por ela, é admirável e comovente ver um elenco inteiro entregue aos seus personagens doentes barrocos, absurdamente humanos;
- Daniel de Oliveira que se propõe a um personagem que segura toda a história e faz do enredo algo ímpar. Há entrega total, um ator sem vaidade, a serviço de sua arte. Faz de Santinho alguém real, palpável, asqueroso e ao mesmo tempo cativante;
- É desagradável, tem cenas que incomodam, tem o tempo que faz contorcer na cadeira. A intenção é incomodar, te fazer ficar 3 dias depois ainda pensando no filme;
- A fotografia de Lula Carvalho é um deleite à parte. Lembra a estética de Amarelo Manga e Baixio das Bestas, do cineasta Cláudio Assis, ídolo declarado de Matheus Nachtergaele.
sexta-feira, 3 de setembro de 2010
Texto maneiraço!
Eu estava muito afim de escrever esse texto há vários e vários dias, mas ficava adiando porque sou um procrastinador. E também nem sei onde começar exatamente. A questão é que nos últimos tempos os adjetivos parecem estar perdendo o seu valor e sua intensidade, de modo que as pessoas não conseguem mais simplesmente dizer que “gostam” de alguma coisa ou de alguém, precisa falar que “adoram muuuuuuito!”. Como se não bastasse adorar, ainda é preciso intensificar em repetidas vogais essa explosão de sentimento.
Navego por aí e vejo comentários em fotos, ninguém é simplesmente bonito porque isso não satisfaz, todo mundo é “liiiindo” e “delícia”. São corpos onde as pessoas “se perdem”, “fazem estrago”, “dá canseira” e por aí vai.
Percebo que as pessoas nem tristes ficam mais, entram direto em depressão. São depressões muito efêmeras, duram uma hora e alguns minutinhos, ou o quanto durar o CD daquela banda “muuuito foda” com músicas “muito lindas!” que você coloca pra tocar no iTunes porque o considera “muito melhor” que o Windows Media Player.
Nada mais é simplesmente “estranho”, hoje as coisas são “bizarras”. Estamos num tempo em que as pessoas choram e riem litros, fazem BFF da noite pro dia e não conseguem viver sem uma infinidade tão relevantes quanto ter uma pulseirinha colorida de silicone. A propósito, o superlativo absoluto sintético de “ri litros” é “MORRI”. Prático, normal.
Vamos adotando esses exageros no nosso cotidiano sem ao menos percebermos, e quando nos damos conta já estamos “a-do-ran-do” a nova série da Globo e, em casos mais graves, escrevendo um depoimento pr’aquela pessoa que conhecemos há menos de 24 horas dizendo que ama.
Em contrapartida a todo esse exagero lingüístico, as relações interpessoais são cada vez mais frágeis, seu BFF pode ser seu desafeto num piscar de olhos. Os sentimentos são efêmeros e superficiais, existem de maneira mais realista em perfis do Orkut e do Twitter que na vida real. Quantidade demais pra qualidade de menos. É preciso reverter isso antes que percamos ainda mais o real significado das coisas. Deixa ser simples.
Não vivo sem vocês! Beeeijos, SEUS LINDOS!
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