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quinta-feira, 3 de junho de 2010

Entrevista com Nô Stopa



Lembro-me bem até hoje quando conheci a Nô Stopa. Achei o nome engraçado, as letras tão únicas, a melodia leve ("leve como uma pena leve"). O tempo passou e aqui estamos nós com uma belíssima entrevista com a querida Nô. Pra aqueles que já conhecem é bom pra desvendar um pouca essa figura tão ímpar e pra quem não conhece vale a pena ser modificado por suas canções.

Entrevista

01 - A música está na sua casa, na sua família, na sua vida desde o comecinho. Seu pai é o compositor mineiro Zé Geraldo e sua mãe tocava piano clássico. Teve e tem envolvimento com as artes circenses e dança. Gravou dois cd's (Camomila e distorção e Novo prático coração) e ainda tem um projeto com teatro de bonecos, circo e música infantil. É integrante da Banda Mirim, um grupo que vem chamando a atenção no meio do teatro musical. Ainda faz trabalhos extra-musicais com os grupos Pia Fraus (teatro de bonecos) e P.U.L.T.S. Teatro Coreográfico (dança). Ainda tempo nessa agenda lotada pra mais projetos?

(Nô) Atualmente estou envolvida em três projetos: meu trabalho autoral (acabo de lançar meu disco Novo Prático Coração), vou estrear um novo espetáculo com a Banda Mirim no início de junho e danço num grupo de dança contemporânea infantil chamado "Giz de Cena". Acho que é suficiente pra eu me realizar enquanto artista e conseguir criar meu filho. De vez enquando me arrisco numa coisa ou outra, por exemplo, no fim de maio realizei o sonho antigo de levar meu som pro picadeiro. Fizemos o show do Novo Prático Coração na Lona do Circo Roda (da Pia Fraus e dos Parlapatões), com intervenções de circo, teatro e dança. É um projeto que pretendo levar adiante.

02 - Algumas apresentações realizadas com O Teatro Mágico, que consegue (mesmo tendo um trabalho totalmente independente e de fácil acesso) um grupo bem diversificado e até ser divulgado na grande mídia. E ainda apresentações com a Roberta Campos, que vem crescendo nas rádios. Como lida com esse mercado mais independente e com quais nomes pretende ou deseja trabalhar?

(Nô)Ser independente hoje e conseguir sobreviver no mercado, é motivo de orgulho. A música independente está bastante diversificada, democrática e ganhando espaço na mídia cada vez mais.
Eu confesso que sofro um pouco com algumas portas que não se abrem.Mas estou fazendo a minha parte, trabalhando bastante e contando com amigos queridos e talentosos que sempre dão uma força.Gosto de trabalhar com quem gosta de trabalhar comigo, isso ocorre naturalmente, não sou de forçar a barra e não tenho idéia de quem estará comigo no próximo trabalho
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03 - Sabemos que seu nome de registro é Aniela, agora queremos descobrir o motivo do seu nome artístico ser Nô Stopa.

(Nô)Quando nasci, minha irmã mais velha não conseguia falar Aniela e falava Noela, virei Nô desde o berço. Stopa é meu sobrenome por parte de mãe, italiano.

04 - Em 2004 lançou seu primeiro disco solo com selo próprio (Sol do meio-dia). Já são 6 anos de estrada, muitos admiradores, mas o grande público desconhece seu trabalho. A mídia tem excluido com frequência nomes primorosos do nosso cenário musical. Pretende ainda alcançar esse mercado ou pensa que o caminho é esse mesmo de manter-se com um público mais íntimo e fiel?

(Nô)Pretendo trabalhar e alcançar o que está reservado pra mim. A mídia tem diversas camadas, mas ainda estou muito abaixo da que gostaria de estar, e não quero me contentar com o que tenho hoje, minha batalha é pra crescer e ter condições dignas pra poder trabalhar.

05 - Versos simples, delicados, com sonoridade impecável acompanhada por sua voz aveludada. De onde tira tanta doçura mas que ainda assim carrega nas entrelinhas o amargor da vida de todo dia, a maturidade de uma mulher feita, contudo com ares de menina?

(Nô)Agora que sou mãe percebo muito esse contraste. A gente trabalha demais pra sustentar a família, bate a cara várias e várias vezes, mas tem que ter doçura e leveza pra encarar a vida. Pra criar um filho feliz, você tem que mostrar felicidade, quanto mais amor você dedica, mais você está fazendo do seu filho uma pessoa boa e linda. Essa lição eu busco aplicar em tudo o que faço.

06 - Assumir-se artista e querer viver da sua arte no país é muitas vezes difícil, tanto por questões financeiras quanto por questões comerciais, sociais etc. Já pensou em seguir outra carreira? Hoje em dia é possível viver só da música?

(Nô)Antes de compôr eu estudava Espostes na USP e pensava em ser técnica de Ginástica Olímpica, ao mesmo tempo em que ingressava num grupo de dança profissional, o PULTS. Depois da música, tranquei a faculdade e qualquer possibilidade que fazer outra coisa que não fosse arte. Fui pro circo, dancei no PULTS por alguns anos, me apresentei com a Pia Fraus, os Parlapatões, os Fractons, e hoje posso dizer que vivo de música, mas ainda não só do meu trabalho autoral.

07 - Quais são suas influências? Outras artes como cinema, literatura e artes plásticas também influenciam no seu som?

(Nô)Minha influência é o cotidiano, o ser humano, a rua, o rio... Posso ir ao cinema e voltar pra casa com vontade de compôr, não exatamente sobre o filme, mas a motivação veio dalí.O mesmo acontece com um show, uma balé ou uma exposição. Às vezes simplesmente acordar pode ser inspiração. E às vezes acho que nunca mais vou escrever nada, fico um tempão sem criar, mas é cíclico, como uma entressafra, uma respiração, depois volta.

08 - Quando os filhos são pequenos, o sonho normalmente é seguir a mesma carreira dos pais. Mas depois que crescem e entram na adolescência há o ímpeto de querer ser diferente ou pelo menos há dúvidas em relação ao que seguir. Você passou por essa fase de incertezas ou sempre soube o que quis? Conte-nos um pouco sobre seu começo de carreira.

(Nô)Achava que seria técnica de ginática olímpica, porque eu era atleta, apaixona pelo esporte, aí fui pro circo, pra dança, e depois veio a música. Nunca tive certeza de nada, as coisas foram se apresentando pra mim.


09 - Todo mundo que cria tem como xodó alguma coisa própria. Das músicas que já gravou, qual a que tem mais apreço e por quê?

(Nô)Não tenho uma predileta. Gosto muito da sonoridade do disco novo, mas tenho saudade da maneira de compôr do primeiro trabalho.

10 - Depois de anos de carreira é possível definir uma identidade musical para Nô Stopa, mas qualquer tentativa seria apenas um "achismo". Por você mesma, qual a identidade artística da Nô?

(Nô)Difícil. Eu me vejo entre o suave e o rock. Gosto da distorção, mas tenho voz pequena. Gosto de suavidade, mas tem que ser envenenado. Procuro esbarrar no folk, no pop e no rock, sem perder a brasilidade e a leveza. Quero também ter liberdade pra fazer o som que me der na telha, por isso acho que rotular não é legal.





Queríamos agradecer (eu e o Darlan) pela honra da entrevista. Pra quem quiser saber ainda mais sobre o trabalho da Nô é só conferir os links abaixo:

http://www.myspace.com/nostopa
http://tramavirtual.uol.com.br/artistas/no_stopa
http://www.lastfm.com.br/music/N%C3%B4+Stopa

3 comentários:

luara veloso disse...

Nô Stopa é uma das preciosidades que a Last.fm me permitiu conhecer. Uma artista que, num primeiro momento, me chamou a atenção mais pelo seu nome pouco convencional. Um certo estranhamento, confesso... Mas bastou a primeira audição para se transformar em identificação e admiração pura. Letras, voz, melodia... Nô Stopa soa tão poeticamente real que já faz parte da minha trilha sonora.

Parabéns pelo blog e pela entrevista!

Abraços!

Rita disse...

Bela entrevista!
A Nô é uma grande artista que encanta todo mundo! É sempre bom ver o trabalho dela sendo divulgado por aí...

Frank disse...

Parabéns pelas entrevistas!
Estão todas muito boas!
Já tinha lido há alguns dias, agora voltei para pegar o link da Nô daí vim deixar meu comentário ^^