Não sei quem inventa esses títulos e começa a endeusar o artista, que vira um semideus, quase como um faraó. Às vezes o título é válido e concordo, algumas outras não. Temos vários exemplos: o Rei, a Abelha Rainha, o Rei do Baião, a Rainha do Rádio, Rei do Brega, rei disso, rainha daquilo e por aí vai. Dentre tantos, temos a Rainha do Rock, “a maior roqueira do Brasil”, dona Rita Lee.
Não quero discutir aqui a importância de Rita Lee para a música brasileira, em especial na época de Os Mutantes. Gosto e ouço tia Rita, mas sempre me incomodei com o título. Rita Lee é boa? É sim. Rainha do rock? Passa longe disso.
Considerando o rock como um movimento, uma música e uma postura que indicam transgressão, inovação, rebeldia e negação ao sistema e comparando esses elementos com Rita Lee, dá pra entender porque estou dizendo isso. Rita é uma senhora comportada em cima do palco, de letras doces, na maioria das vezes. Para ousar, coloca-se uma “bosta” ali, um “pinico” aqui e um “sexo” acolá. Fica nessa e não sai disso. É puro mamão com açúcar.
Vez ou outra, vemos alguma nota no jornal falando de xingamentos, de opiniões polêmicas e coisas assim. Mas isso para mim ainda não vale o trono. Aliás, vejo apenas como um artifício muito manjado para ser notícia, ou seja, para aparecer.
Há não muito tempo atrás li um texto no UOL onde um jornalista criticava a falta de profissionalismo da artista, devido ao atraso em um show em São Paulo e outros problemas, como esquecer a letra ou a banda errar notas das músicas, prova clara de falta de ensaios. Motivo a mais para repensar o trono de Rita Lee. A imagem construída é mais forte que a realidade.
Mas quem seria a rainha do rock? Pitty!? Não, claro que não... aliás, numa entrevista feita pela Marília Gabriela, a própria Pitty admitiu não levar uma vida rock’n’roll. Mas então, a pergunte precisa de uma resposta, e a minha seria bem convicta: Cássia Eller!
Cássia é um mito, a figura mais expoente do brock de todos os tempos, entre homens e mulheres. Atitude, competência, postura e (infelizmente) vida de rock. Curiosamente, Cássia é um pouco negligenciada pela grande mídia. É pouco citada, e quando é citada, infelizmente costumam lembrar apenas de Malandragem ou de Por Enquanto, que muitos ainda insistem em dizer que se chama Mudaram As Estações. Hahaha.
Cássia era pura explosão em cima do palco, completamente entregue. Havia incompostura, rebeldia, transgressão, vigor, catarse!
Apesar da grande relevância da Cássia, não vemos citarem nos programas sua data de aniversário ou coisa do tipo. Não se faz um Som Brasil ou um Por Toda Minha Vida para relembrá-la. Não se cogita fazer um filme a respeito. Cássia parece ser tabu, e talvez seja mesmo. Provavelmente, ela detestaria ser chamada de “rainha do rock” ou algo semelhante, mas a certeza que tenho é que Cássia é rock, a maior representante que já tivemos!
Salve Cássia Eller!
5 comentários:
Como prometido, vim checar o blog. Fiz mais do que isso: li todas as postagens, com exceção de algumas entrevistas.
Vocês falam o que pensam de uma forma descontraída, e isso é bacana, mas devo dizer que não concordo com várias coisas expostas aqui, principalmente pelo Sr. Darlan, e adivinhe se não é por isso mesmo que eu voltarei sempre aqui? :D
Aliás, sobre Rita Lee e Cássia Eller, cada qual com suas peculiaridades e na sua época. Admiro muito as duas, fato é que essa história de rotular fulano de Rei ou ciclano de Rainha não me agrada, seja com quem for.
Beijo grande nos dois!
Eu concordo tanto com você, quando tira a Rita desse altar.
Tira Rita... pra falar a verdade nem conheço muita música dela não, mas as que conheço de rock ela não tem nada. Talvez só o cabelo vermelhão...
Num país onde Roberta Carlos é Rei, Rita Lee ser rainha é compreeensível
Salve! Cássia é um mito realmente, e cantando Nirvana então... adoooro.
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