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sábado, 16 de outubro de 2010

A voz de mentira


Encantei-me por essa moça há alguns anos atrás, logo na estréia de um site para o qual ela gravou um vídeo cantando sua composição Não Foi em Vão a capella. Ontem à tarde, meio que do nada, eu fiquei sabendo que à noite teria um show da atriz e cantora Thalma de Freitas no SESC de Barra Mansa, cidade vizinha a minha. Logo me animei e, convites arrumados, lá estava eu 30 minutos adiantado para ver o show. Esperava daquilo tudo um bom show, num tom intimista, voz pequena acompanhada por instrumentos em piano.

Sem grandes alardes a banda entrou no palco e tomou seus lugares. O público um pouco contido demais parecia nem perceber os músicos, em especial o grande Domenico Lancellotti, que conheci através do trabalho junto do Moreno Veloso e Kassin. Eles começam a tocar e, igualmente sem alarde, Thalma de Freitas entra no palco. Esguia, elegante, hábil em cima dos saltos de 12 centímetros, introspectiva como eu esperava. A canção era Cordeiro de Nanã, de longe minha preferida do repertório. Execução perfeita, Thalma é completamente afinada e concentrada ao cantar aquele ponto, como quem pede licença, como quem abre os trabalhos que estão por vir.

Thalma cumprimenta o público, abre o primeiro dos muitos sorrisos que estão por vir, fala do repertório e começa a fazer a segunda canção. É nesse momento que descobri que aquela voz era de mentira. A imagem introspectiva era de mentira. E mais: eu sairia do show tendo uma imagem completamente diferente.

Thalma é completamente sensual, tem olhar profundo e provocativo. Domina o palco em todas as suas dimensões. Vai ao chão com facilidade, fazendo bonitos e hipnotizantes desenhos com o corpo, num piscar de olhos está altíssima no alto daquela sandália, dominando também o ar, dançando como quem se inspira no oscilar vento.

A voz era de mentira. A voz é enorme como a artista. Acompanha cada movimentos dos instrumentos, vai aos tons opostos só por brincadeira. Estende notas com delicadeza impressionante, os melismas são pura viagem dela, puro deleite do público.

Ponto alto do show é a canção gravada para o projeto 3NaMassa, chamada de O Seu Lugar. É quase que indescritível o clima dessa música ao vivo, mas posso adiantar que é contagiante e excitante. Impossível não ficar absorto nos movimentos, na música e na voz.

Alegre e extrovertida, Thalma ainda faz muito show pela frente. Canta em espanhol, francês e italiano. Interage com o público, conta história, se emociona e deixa a certeza que estamos diante uma grande artista. Ainda que humilde e sem essa pretensão, uma diva.

Meu único arrependimento foi não ter levado a câmera para registrar as caras, bocas, danças e especialmente a voz da Thalma.

2 comentários:

Luiza disse...

Meio que do nada? Ah Darlan, cadê os meus créditos? Eu que falei!!!

Queria ter ido
=/

Diana disse...

Darlan quase pedindo a Thalma em casamento via Varal haha

Queria ter ido (2)