Madeinusa (Peru/Espanha, 2006) é o primeiro longa-metragem dirigido pela peruana Claudia Llosa, que em 2009 ganhou o Urso de Ouro no Festival de Berlim pelo seu segundo filme, La Teta Asustada. Um ponto em comum nos dois filmes é a presença da atriz Magaly Soler que no primeiro filme interpreta Madeinusa de maneira admirável, com muita expressividade, conferindo um realismo à personagem que nos leva a esquecer que estamos vendo ali uma atriz com seu papel e não uma personagem autêntico e real.
O filme narra alguns dias de um imaginário vilarejo peruano, denominado Manayaycuna, e localizado entre as remotas montanhas da Cordilheira Branca, onde ocorreria o Tempo Santo, período que vai da Sexta-Feira Santa ao Domingo de Páscoa. Neste hipotético povoado, vivem Madeinusa, sua irmã Chale (Yiliana Chong) e seu pai, então prefeito da cidade, Cayo Machuca (Juan Ubaldo Huamán). A chegada de Salvador (Carlos J. de la Torre), que percorre um longo caminho de Lima até localidade, é a chance que Madeinusa encontra para partir para a capital, seguindo os passos da mãe que abandonara as filhas com o pai.
O filme pontua a diferença entre o arcaico e o urbano, pagão e religioso, mostrando-nos o cotidiano exótico do vilarejo. É um filme caracterizado pelo etnocentrismo, assim como o ótimo filme brasileiro A Festa da Menina Morta (2008). Os costumes típicos e exóticos se revelam durante as festividades do Tempo Santo, onde, segundo as tradições locais, tudo está permitido, uma vez que Jesus está morto e não pode ver os pecados do mundo. A trama se desenrola sobre esse pretexto, encantando na fotografia e surpreendendo no roteiro. Este é um filme cheio de silêncios, para ver e digerir por alguns dias. O final é um tanto atordoante, surpreendente e faz do filme imperdível! Disponível AQUI ou AQUI.
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