Sabe preconceito? Então, era isso que eu tinha contra o Wilco. Eu tenho muito preconceito com banda, filme, música, livro. E sempre achei que Wilco era coisa de indiezinho pedante. Ouvi o nome uma vez e falei “credo, nunca vou ouvir isso”. Paguei a língua. Em 2009 uma amiga começou a me obrigar a ouvir. Colocava o cd quando eu tava na casa dela e não tirava diante de nenhum protesto, me mandava uma ou outra música pelo msn, falava o tempo inteiro sobre a genialidade deles... até que eu resolvi ceder. Ouvi uma vez a primeira música que ela me mandou, “Can’t stand it”, e não gostei. Depois de muita insistência, cedi de novo e ouvi “Hate it here”. E aí não teve como resistir, porque a música é de uma tristeza contagiante. Mas eu sou dura na queda, então fiquei só com essa por um tempo. Até que uns meses depois resolvi baixar mais algumas, e selecionei umas aleatórias no 4shared, junto com um cd inteiro, o Yankee hotel foxtrot. O resultado disso foi um processo que terminou semana retrasada, quando baixei o único cd deles que eu não tinha ainda (um com gravações de covers ao vivo, porque deles mesmo eu já tinha tudo).
Acho que o Wilco nunca foi muito popular, na verdade. Conquistou alguns fãs com seu primeiro cd, A.M. (culpado pela tag “alt-country” que acompanha a banda no Last.fm), e com o segundo, duplo, chamado Being there. O terceiro álbum, Summerteeth (que é uma coisa linda de deus), já chegou a chamar alguma atenção além da crítica – que já estava de olho na banda, colocou o cd algumas vezes entre os melhores álbuns de 1999 e passou a considerar o Wilco como um dos grandes nomes da música americana contemporânea – e se tornou um dos mais cultuados pelos fãs.
Yankee hotel foxtrot, quarto álbum da banda e grande “culpado” pela maior parte dos fãs atuais, é também considerado o melhor disco deles – alguns chamam de Ok computer da música americana. Conta com preciosidades como “Radio cure”, “Ashes of american flags”, “Poor places” e “I am trying to break your heart”, além dessa absoluta perfeição chamada “Jesus, etc”.
Esse foi o único disco da banda que causou grande alarde. O próximo, A ghost is born, foi bem recebido, mas sem tanto festejo quanto o anterior. Depois veio Sky blue sky (particularmente o meu preferido), o disco mais melancólico da banda. Além de “Hate it here”, já citada, acho digna de nota a faixa-título e outras, como “Leave me (like you found me)”, “Impossible Germany” e “Walken”. No início de “What light”, é legal notar a semelhança entre a voz de Jeff Tweedy e a de Bob Dylan. (Jeff Tweedy, aliás, participou da trilha do filme “Não estou lá”, sobre Bob, cantando a música “Simple twist of fate”, umas das coisas mais lindas que já ouvi).
Em 2009 foi lançado o álbum mais pop do Wilco, chamado Wilco (The album). Não estou desmerecendo. O disco é ótimo e, apesar de realmente parecer mais “diluído”, continua mostrando a qualidade da banda. A música “I’ll fight” está aí pra provar:
A conclusão de quem ler esse texto é óbvia: aquela minha amiga, quando me obrigou a ouvir Wilco, criou um monstro. E como a missão do verdadeiro fã é propagar a obra do seu ídolo, espero que ao terminar de ler você baixe pelo menos um cd. Já é um bom começo. Daí pra paixão é um pulo, e eu sou a prova viva disso.
Um comentário:
O post ficou ótimo e até ri um cadinho no final com monstrinho se reconhecendo. hahaha
E eu faço coro, a paixão por Wilco vem cedo ou tarde. Mandam muito bem e vale a pena!
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