A Música Popular Brasileira há muito já é indagada até que
ponto é popular, agora, creio que é hora de indagarmos até que ponto é
brasileira.
Na última década podemos notar um movimento de resgate da
cultura nacional através de artistas que surgiam no cenário musical e outros
tantos que já estão aí na estrada por mais tempo. Movimento especialmente
concentrado no Rio de Janeiro e, mais recentemente, na região Norte.
São Paulo é um caso a parte, por ser uma metrópole sempre
bebeu de muitas fontes externas, tornando difícil caracterizar seus frutos artísticos
como autóctones. Como exemplo, temos Thiago Pethit, Tiê e Mallu Magalhães, que
são artistas que cantam e compõem em outros idiomas e até veneram um estilo que
não é característico do nosso cenário cultural. Já no Rio de Janeiro, onde a música
brasileira sempre teve lugar cativo, algo vem mudando desde o último ano.
Na última década o samba voltou à tona, deixamos as influências
do nosso rock oitentista para trás e nomes como o de Roberta Sá, Teresa
Cristina, Casuarina, Diogo Nogueira e outros que mesmo não sendo sambistas,
beberam da fonte e se influenciaram. Vale lembrar que até mesmo Adriana
Calcanhotto, artista já consagrada há duas décadas, compôs e lançou um ótimo álbum
de samba, O Micróbio do Samba. Ana Carolina vez ou outra grava um samba, compõe
outro para alguém e daí por diante...
Contudo, não sei se numa tentativa de ser global ou por modismo,
os últimos lançamentos dos artistas de música brasileira nos trazem gravações em
outros idiomas. Isso não seria problema se estas se encaixassem nos seus
respectivos álbuns, algo que, em minha opinião, não acontece.
Creio que o caso mais evidente desse estrangeirismo está no
Mais Uma Página, aguardadíssimo CD de Maria Gadú. São três músicas em inglês/espanhol
que destoam do restante do álbum, não encaixam ali e são as piores do álbum,
fazendo um hiato no clima da coisa. Roberta Sá (Segunda Pele) e Mariana Aydar
(Cavaleiro Selvagem Aqui Te Sigo) também apresentaram gravações em língua
estrangeira e o problema é o mesmo supracitado. Não é por bairrismo, mas
realmente me soa artificial essa nova onda. Que não dure, amém.
2 comentários:
Amém, porque não gosto, mesmo.
Gostei do texto e concordo em partes. Vendo por outro ângulo, talvez seja "só pra variar", já dizia o Renato Russo, "se forem cantar em inglês, faça o favor, cantem assim ó...." Abraço, amei o blog
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