O Blog:

Não importa se fútil ou cult, aqui tem o que agrada, desperta curiosidade, riso e coisas assim. Sem rótulo e sem pudor, seja fult com a gente!

segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

Diego Moraes


Há alguns anos atrás, os meus programas de TV preferidos eram os concurso musicais. Ídolos, Fama e até mesmo o classicão Raul Gil. Através desses programas conheci muitos ótimos artistas que, salvo raras exceções, não conseguiram espaço na grande mídia por carregarem pra sempre a cruz de calouros.

Na última versão brasileira de Ídolos que acompanhei (em 2009), transmitida pela Record, me chamou a atenção Diego Moraes, que é certamente uma dos mais talentosas do Brasil. O cara modula a voz de maneira sensacional, percorrendo notas com a maior facilidade do mundo. Claro que ele não ganhou, porque nesse tipo de programa, cabe o segundo lugar para quem é o melhor. Isso já tinha acontecido no Ídolos anteriormente, quando Shirley Carvalho perdeu pra fraquinha Thaeme Marioto. O diferencial dessa vez é que Diego assinou contrato com a gravadora EMI e lançou um CD e DVD com regravações preciosas e outras três canções inéditas. A parte ruim da coisa é que não houve divulgação e a TV aberta do Brasil, mesquinha que é, não convida artistas que surgiram em emissoras concorrentes.

Intitulado de Meus Ídolos, o trabalho foi lançado em maio de 2010. Diego percorre o repertório da MPB auxiliado por arranjos luxuosos e cheios de suingue, nos quais fica à vontade para brincar com a voz e mostrar porque não é nenhum exagero considerá-lo o cantor mais talentoso dessa geração. Destaque para a interpretação de Explode Coração, de fazer repensar se a de Bethânia é mesmo a melhor de todas. Vale a pena o deleite! Áudio do DVD disponível AQUI.

Meus Ídolos (2010)
1. Punk da Periferia
2. Ando Meio Desligado
3. Alô Alô Marciano
4. Lanterna dos Afogados
5. Canto de Ossanha
6. Muderno
7. Garçom
8. Lembrei
9. Uma Canção Só (Pra Você)
10. Meu Erro 11. Negro Gato
12. Pagu 13. Talismã sem Par
14. Atrás da Porta
15. Explode Coração
16. As Rosas Não Falam
17. Partido Alto
18. Como uma Onda
19. Créditos (Como uma Onda)

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

Segunda Pele




O quinto CD de Roberta Sá afasta-se um pouco dos grandes sambas e prova um sabor mais regional em relação a sua própria origem. Apesar de buscar novos sabores o samba ainda se mantem presente como na faixa O nêgo e eu, com cores de carnaval, marchinhas clássicas. Parceria com Pedro Luís, mesclas inovadoras com a Orquestra Criôla de Humberto Araújo com arranjos ousados em relação aos seus CD's anteriores da própria Roberta. Tem ainda um dueto internacional,inédito com Jorge Drexler em “Esquirlas”, cantando em espanhol.

Desenrolar de um CD maduro, sensual, carnal de forma de harmônica, desmembrando de certa forma essa imagem de cantora um pouco recatada, fria e perfeccionista em certo ponto em suas apresentações. O CD por completo, mesmo as faixas mais intimistas, remetem a um grande carnaval, humano, carnal, quente. Recomendo! Está disponível AQUI.

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

Céu - Retrovisor

Em breve a cantora CéU lançará o seu novo álbum, Caravana Sereia Bloom. Enquanto esperemos, o ótimo clipe de Retrovisor, uma das canções do disco. Destaque para a fotografia de Ivo Lopes Araújo, belíssima.


Compartilhado pela @amandabaiana

sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

Precisamos falar sobre o Kevin




"É só isso que eu sei. Que, no dia 11 de abril de 1983, nasceu-me um filho, e não senti nada. Mais uma vez, a verdade é sempre maior do que compreendemos. Quando aquele bebê se contorceu em meu seio, do qual se afastou com tamanho desagrado, eu retribuí a rejeição — talvez ele fosse quinze vezes menor do que eu, mas, naquele momento, isso me pareceu justo. Desde então, lutamos um com o outro, com uma ferocidade tão implacável que chego quase a admirá-la. Mas deve ser possível granjear devoção quando se testa um antagonismo até o último limite, fazer as pessoas se aproximarem mais pelo próprio ato de empurrá-las para longe. Porque, depois de quase dezoito anos, faltando apenas três dias, posso finalmente anunciar que estou exausta demais e confusa demais e sozinha demais para continuar brigando, e, nem que seja por desespero, ou até por preguiça, eu amo meu filho. Ele tem mais cinco anos sombrios para cumprir numa penitenciária de adultos, e não posso botar minha mão no fogo pelo que sairá de lá no final. Mas, enquanto isso, tenho um segundo quarto em meu apartamento funcional. A colcha é lisa. Há um exemplar de Robin Hood na estante. E os lençóis estão limpos."

Página 372 - Precisamos falar sobre o Kevin

Inicialmente vi o filme, ótima adaptação. Toda a trama sob a ótica da mãe do assassino, desde seu nascimento até o dia do massacre. Tilda Swinton com sua feição ossuda, metálica, magra caí como uma luva para o papel. O filme inteiro se molda nessa relação mãe/filho e como isso talvez reflita em seus atos sem resposta lógica. As cenas não estão em forma cronológica usual dando dinamismo aos seus 110 minutos de filme. O filme incomoda, a raiva incontida sem razão usual, as tentativas de amor frustrado. Único ponto que após ler o livro percebi que fez muita falta no filme foi a conversa final onde ele devolve o olho da irmã e mostra-se cansado e verdadeiramente com medo de ir pra prisão após a maioridade.

Demorei mais tempo do que o realmente necessário pra ler o livro por completo. Ele é verdadeiramente incômodo, faz nascer tantas perguntas que passam pra vida de quem os lê: meus atos podem ser resposta dos sentimentos maternais? Raiva incontida, receios, questões mal resolvidas. Um tanto de sentimentos, de perguntas, de medos. Observar os olhos da mãe de um assassino de dezesseis anos e provar da crueza do seus dias que até então eram confortáveis.

Um excelente filme, livro mordaz e necessário. Recomendo.

quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

Madeinusa

Madeinusa  (Peru/Espanha,  2006)  é  o  primeiro  longa-metragem  dirigido  pela peruana Claudia Llosa, que em 2009 ganhou o Urso de Ouro no Festival de Berlim pelo seu  segundo  filme,  La  Teta  Asustada.  Um  ponto  em  comum  nos  dois  filmes  é  a presença  da  atriz  Magaly  Soler  que  no  primeiro  filme  interpreta  Madeinusa de maneira admirável, com muita expressividade, conferindo um realismo à personagem que nos leva a esquecer que estamos vendo ali uma atriz com seu papel e não uma personagem autêntico e real.

O filme narra alguns dias de um  imaginário vilarejo peruano,  denominado  Manayaycuna,  e  localizado  entre  as  remotas  montanhas  da  Cordilheira Branca,  onde  ocorreria  o  Tempo  Santo,  período  que  vai  da  Sexta-Feira  Santa  ao Domingo  de  Páscoa.  Neste  hipotético  povoado,  vivem  Madeinusa,  sua  irmã  Chale (Yiliana  Chong)  e  seu  pai,  então  prefeito  da  cidade,  Cayo  Machuca  (Juan  Ubaldo Huamán).  A  chegada  de  Salvador  (Carlos  J.  de  la  Torre),  que  percorre  um  longo caminho de Lima até  localidade, é a chance que Madeinusa encontra para partir para a capital, seguindo os passos da mãe que abandonara as filhas com o pai.

O filme pontua a diferença entre o arcaico e o urbano, pagão e religioso, mostrando-nos o cotidiano exótico do vilarejo. É um filme caracterizado pelo etnocentrismo, assim como o ótimo filme brasileiro A Festa da Menina Morta (2008). Os costumes típicos e exóticos se revelam durante as festividades do Tempo Santo, onde, segundo as tradições locais, tudo está permitido, uma vez que Jesus está morto e não pode ver os pecados do mundo. A trama se desenrola sobre esse pretexto, encantando na fotografia e surpreendendo no roteiro. Este é um filme cheio de silêncios, para ver e digerir por alguns dias. O final é um tanto atordoante, surpreendente e faz do filme imperdível! Disponível AQUI ou AQUI.

sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

Ensaio De Cores

Depois de um longo e tenebroso inverno, Ana Carolina acerta a mão no seu novo trabalho, Ensaio de Cores. Eu nem estava sabendo desse CD, confesso ter me desligado do trabalho da Ana desde a decepção com seus últimos álbuns. Não sei se o Estampado era muito bom ou se o Dois Quartos e o N9ve que eram ruinzinhos demais, só sei que Ensaio de Cores está gostoso, viril e delicado, tem o vigor de Ana Carolina como na época dos cabelos vermelhos.

Com uma banda formada só por mulheres, Ensaio de Cores é a musicalização das telas que Ana pinta despretensiosamente há alguns anos. O projeto começou como um show apresentado no Rio e em São Paulo, depois veio uma exposição com toda renda revertida a uma instituição beneficente e agora este CD ao vivo que felizmente nos traz Ana Carolina de volta. 

O álbum é composto por 16 faixas, sendo 5 delas inéditas, que vão de baladas pop, balada romântica que flerta com o sertanejo universitário até um pancadão carioca dos bons. Dentre as inéditas, está Problemas, que faz parte da trilha sonora de Fina Estampa e é executada com bastante frequência. Dentre as regravações, temos Caetano, Lenine, Djavan, Chico César e Leandro & Leonardo é um álbum recheado de influências, mas simples, longe das grandes produções dos últimos discos. Destaque para a percussão da Lan Lan, que é foda e mostra um encaixe muito bom com Ana Carolina e suas músicas. É pra ouvir com o volume alto.

Ensaio de Cores | Ao Vivo (2011):
01 Rai Das Cores
02 As Telas E Elas
03 Alguém Me Disse
04 Você Não Sabe
05 Carvão
06 Todas Elas Juntas Num Só Ser
07 Azul
08 O Violão
09 Feriado / O Amor É Um Rock / Entre
10 Tapas E Beijos
11 Pra Tomar três
12 Simplesmente Aconteceu
13 Claridade / Só Fala Em Mim / Pra Rua
14 Força Estranha
15 Stereo
16 Problemas

domingo, 1 de janeiro de 2012

Alcione e Bethânia

Alcione está comemorando os seus 40 anos de carreira e como forma de comemoração, recentemente lançou um DVD com vários convidados. Alguns são companheiros da antiga cena noturna carioca, como Emílio Santiago, Áurea Martins e Djavan, outros são grandes amigos, como Maria Bethânia. Bethânia foi escolhida para cantar Sem Mais Adeus, composição de Francis Hime e Vinicius. Duas gigantes da música brasileira num registro imperdível: 

quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

Trovoada

Eu estou arrepiado o dia todo. Nesse 29 de dezembro Cássia Eller é lembrada pelos dez anos de sua morte. Eu ainda tenho uma lembrança bem clara de estar em casa com a TV ligada quando Fátima Bernardes anunciou sua morte no Jornal Nacional. Sem exageros e nem sentimentos vazios, eu senti a morte de Cássia como se fosse alguém do meu convívio íntimo. 
Eu não sou tão velho, mas lá pelos meus 11 anos, a Internet ainda não era popular como é hoje em dia, daí que uma série de coisas muito fáceis de se conseguir nos tempos de hoje, era uma luta para se ter. Isso explica o fato de eu ter uma pasta com letras de músicas, fotos e recortes sobre Cássia Eller. Brega, eu sei, mas eu sempre fui fã dela. 

Cresci idolatrando Legião e Nirvana, mas por motivos óbvios nunca pude ver um show de nenhuma dessas bandas. Minha história com Cássia é diferente porque além de tê-la como ídolo, eu pude viver em tempo real toda a febre que um fã tem direito. Isso vai de esperar ansiosamente por um novo disco até brigar com os pais para ir ao show.

A força e a luz dos olhos de Cássia Eller sempre me atingiram de forma muito comovente. Foi com Cássia que eu aprendi a reparar em sorrisos, a gostar tanto de sorrisos e ler alguém por inteiro através de um sorriso. Não há outro sorriso como o de Cássia. Tampouco voz e energia como a dela. Invocada, atrevida, tímida, explosiva, contida, inquieta, calma. Eu amo Cássia Eller. Salve!

PS: Cássia Eller é mais que o Acústico MTV. Bem mais que Malandragem e sua irreverência não se resume em levantar a camiseta e mostrar os peitos. 




quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

Cine 2011

Três filmes que marcaram 2011 cinematograficamente:

Tudo pelo poder



Com direção, roteiro e atuação de George Clooney, Tudo pelo poder já entraria pra história do cinema somente por esse fato. Mas, o drama vai além das expectativas, poderia até cair na mesmice pelo tema ou até mesmo hipocrisia, contudo prende o espectador do início ao fim. Excelente roteiro, com boas atuações, com a duração correta, ápice e desfecho com maestria. As suaves comparações com os governos americanos dá todo um ar humano e errante a narração. Ryan Gosling merece destaque. E ponto positivo para a capa principal do filme que ficou fantástica.

Amores Imaginários



Direção, roteiro e atuaçãode Xavier Dolan (o mesmo de Eu matei a minha mãe). Nesse filme Dolan acerta na direção, nas cores, nos enquadros de cena, na trilha sonora, no figurino, mas o roteiro em si é extramente pobre. A trama só prossegue pela direação, o enredo é parco, aguado, decepcionante até. A beleza de Niels Schneider dá todo um toque romântico as cenas, o alaranjado na camisa, o cabelo dourado. Enfim, poderia ter sido um ótimo filme, mas deixou a desejar.

A pele que habito



Grandes expectativas dos fãs de Almodóvar, talvez repreensivos por ser um filme que tem uma atmosfera de mistério, suspense. Um grande e inovador filme. Surpreendente como somente Almodóvar sabe ser. Roteiro inusitado, atuações primorosas, desfechos que beiram a loucura, a adoração e a paixão. Encantador de uma forma totalmente humana, pecadora e errante. No desenrolar da história se criam mentalmente várias respostas e todas elas se mostram falhas próxima ao fim. É um filme pra se digerir durante uns dias.

Maria Gadú em Mais Uma Página

Passado o furor do seu primeiro trabalho e toda aquela perigosa superexposição, além da parceria com Caetano Veloso, Maria Gadú chega com seu segundo CD para confirmar a promessa de ser um novo grande nome na MPB ou decepcionar, como todos outros nomes sazonais. 

Confesso que temi alguma descaracterização da artista devido sua parceria com a Som Livre/Rede Globo, mas é com felicidade que ouço o CD e constato que é ainda aquela Maria Gadú talentosa surgida há pouco tempo. Em 14 faixas, incluindo regravações/composições em inglês e espanhol, Gadú está de volta para comprovar seu talento como compositora e intérprete. 

O álbum não é óbvio como seu título e apresenta boas surpresas, caminha por diferentes ritmos e nuances. Destaque "Axé A Capella" que tem uma sonoridade muito gostosa, com Gadú explorando sua extensão vocal e outros ritmos. Destaque também para "Quem?", faixa que conta com a participação de Lenine.

Preciso ouvir mais vezes para digerir bem a coisa e poder opinar detalhadamente, mas o que posso afirmar com certeza é que é um bom e autêntico CD de uma grande nome da música nacional. Eu que sou amante de música nacional, achei o álbum exageradamente poliglota, mas talvez isso seja estratégia para uma carreira internacional. No fim das contas, isso não afeta a qualidade do álbum e vale a pena!

Mais Uma Página (2011)
01. No Pé Do Vento
02- Anjo de Guarda Noturno
03- Taregué
04- Estranho Natural
05- Like a Rose
06- Oração ao Tempo
07- Quem? ( part. esp.: Lenine)
08- Axé Acappella
09- Reis
10- Linha Tênue
11- Extranjero
12- A Valsa (Part. Esp.: Marco Rodrigues)
13- Long Long time
14- Amor de Índio